domingo, 23 de março de 2014

ISS AO SERVIÇO DA OBSERVAÇÃO DA TERRA

Esta foto foi publicada pelo Observatório Terrestre da NASA. Foi tirada pela ISS (Estação Espacial Internacional), numa zona sobre o Médio Oriente.

Em toda a atmosfera terrestre, ocorrem 50 relâmpagos por segundo, o que significam 4,3 milhões de relâmpagos por dia, qualquer coisa como 1,6 mil milhões de relâmpagos por ano. 
Usando um novo instrumento como sensor destes fenómenos a bordo da ISS, instalado em agosto de 2013, os cientistas esperam captar pelo menos parcialmente alguns destes relâmpagos.


O Firestation (assim se chama o instrumento) inclui:
  • fotómetros para medir a intensidade dos flashes de luz;
  • antenas rádio para medir a intensidade do relâmpago;
  • detetor de emissões de raios gama.
Foi desenhado para observar 50 relâmpagos por dia e procurar pequenas rajadas de raios gama, que surgem na sequência destes trovões. Os raios gama são normalmente associados a estrelas que explodem ou a fusão nuclear, mas foram encontrados indícios de flashes de raios gama terrestres (TGF - Terrestrial Gamma Ray Flashes), que deverão ocorrer a uma média de 500 por dia.
Um dos objetivos desta investigação é descobrir que tipo de processos pode despoletar esta emissão de raios gama, e saber se existe ligação com os chamados red sprites, que uma tradução direta pode indicar algo como "duendes vermelhos".


A imagem em cima foi tirada também a partir da ISS, a uma tempestade entre Myanmar e a Malásia.
Na imagem do meio, vemos um red sprite, que é uma descarga elétrica que ocorre dezenas de quilómetros acima da atmosfera e está associada a tempestades, trovoadas e relâmpagos. São muito difíceis de observar, não só porque duram apenas alguns milissegundos, mas também porque a partir da Terra as nuvens que as provocam tapam a visão. 

domingo, 16 de março de 2014

SATURNO EM UV

Perguntam-me várias vezes o motivo de eu gostar tanto de Astronomia.
Não tenho uma resposta muito concreta para dar. Gosto porque gosto, pronto. Mas uma das coisas que me leva a gostar tanto de Astronomia é, sem dúvida, a capacidade de me maravilhar naturalmente e de me fazer perceber que há sempre mais do que aquilo que os nossos olhos conseguem alcançar.

Esta imagem de Saturno é real.
Foi tirada usando o comprimento de onda correspondente ao ultravioleta. Mostra-nos as nuvens e aerossois que, usando a comum luz visível, nunca conseguiríamos ver.
A quem quiser saber mais sobre este tema, recomendo o seguinte link:

Permitam-me agora só destacar alguns detalhes espetaculares sobre esta imagem.
  1. O Sol está do "lado direito" da imagem. Isso vê-se por causa da sombra projetada nos aneis, no lado esquerdo.
  2. Entre os aneis, há uma falha: a falha de Cassini. Reparem que, na parte de cima da foto, é possível ver parte do planeta, por entre essa falha.
  3. O anel mais exterior é extremamente fino e normalmente nem sequer é visto. Repare-se com cuidado, em especial no lado esquerdo da imagem, em que o brilho desse anel se nota melhor.

sábado, 30 de novembro de 2013

A COR DO CÉU NOS PLANETAS EXTERIORES

Na sequência do meu post anterior, falo hoje sobre a cor que o céu pode tomar quando visto a partir de Júpiter, Saturno, Úrano ou Neptuno. Nem sequer falo em "superfície" porque em bom rigor não podemos falar de "superfície" nestes planetas, pois a sua camada exterior é gasosa e, eventualmente, haverá um núcleo rochoso no seio de cada um deles. Como tal, vamos considerar este post como... especulativo, se calhar, uma vez que vamos começar por imaginar o que veríamos se estivéssemos num local onde, muito provavelmente, nunca ninguém estará.

À superfície destes planetas, o céu apresentar-se-ia totalmente negro e sem estrelas. A camada atmosférica é tão espessa e tão densa, que nenhuma luz, proveniente do Sol ou de qualquer outra estrela, a consegue atravessar até ao fim. Podemos é imaginar como seria se estivéssemos um pouco mais acima...
À medida que vamos "subindo" atmosfera de Júpiter acima, veremos o céu tomar um tom vermelho-acastanhado. Como a camada de nuvens tem espessura variável, poderemos vislumbrar alguns tons de azul. A presença do amoníaco na atmosfera jupiteriana faz com que à medida que formos chegando às suas camadas exteriores o céu tome uma tonalidade azul-negra.

O mesmo se passará em Saturno, mas o tom das cores será mais esbatido.


Nos planetas mais exteriores, tudo é diferente.
Em Úrano e Neptuno, o hidrogénio e o hélio estão muito presentes na atmosfera, mas esta é também muito rica em metano. E e o metano que absorve muito da luz amarela e vermelha, deixando passar a luz azul e verde. Recordo aqui o espetro da luz visível, de que falei no post anterior.
Em ambos os planetas, o céu será azul esverdeado, sendo que em Neptuno pode tomar uma tonalidade mais forte.

O que consigo reter deste pequeno levantamento de informação que fiz para fazer este post é que há um céu para cada mundo.
Estamos totalmente formatados para o "céu azul" de dia e para o "céu negro" de noite, mas essas são apenas as condições que temos na Terra. Em outros mundos, tudo seria diferente...

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

A COR DO CÉU NOS PLANETAS INTERIORES

Há algum tempo deixei aqui alguns textos acerca das cores que o céu pode tomar.
Claro que todos esses textos refletiram o ponto de vista "terrestre".

Hoje levanto o véu sobre as cores que o céu pode tomar quando visto da superfície dos Planetas interiores, ou seja, Mercúrio, Vénus, Terra e Marte.
Mas antes disso, convém primeiro lembrar o que é a cor. Ou melhor, por que motivo vemos determinada cor. E para isso, há que recordar o espetro eletromagnético:


A cor da luz do Sol é branca, porque a vemos como a mistura de todas as cores. É por isso que, quando olhamos diretamente para o Sol, vemos branco.
O que torna o céu azul é o espalhamento que a luz sofre, ou dispersão, ao passar na atmosfera. Cada elemento da atmosfera é responsável pela dispersão de um determinado comprimento de onda. Na atmosfera da Terra, maioritariamente composta por oxigénio e nitrogénio, o comprimento de onda que sofre mais dispersão, é o da cor azul.

Isso explica o motivo de o céu na Lua ser sempre negro. Só vemos branco quando olhamos diretamente para uma Estrela, por exemplo. Em todo o resto do "céu lunar", e uma vez que não há atmosfera que disperse o que quer que seja, o céu é negro (sinónimo de ausência de luz). O mesmo se passa no céu visto dos Asteroides e das Luas de outros Planetas, por exemplo, pois os corpos são tão pequenos que não têm gravidade suficiente para reter atmosfera.

A mesma questão afeta Mercúrio. Sendo tão pequeno, Mercúrio não retem atmosfera, o que faz com que a luz do Sol atinja diretamente a superfície do Planeta, sem sofrer qualquer dispersão. Logo, céu negro!

Mas nem todos os Planetas são tão descoloridos e aborrecidos como Mercúrio.
Vénus tem um céu bem mais interessante. A atmosfera, lá, é tão densa, que pequenos comprimentos de onda não conseguem penetrar até à superfície. O violeta, o azul e o verde, por exemplo, são bloqueados nas camadas superiores da atmosfera. O pouco que consegue entrar acaba por ser sucessivamente refletido para as camadas mais altas até se dispersar para o Espaço.
O comprimento de onda que consegue atingir a superfície é o vermelho, como uma espécie de por do Sol por todo o lado. Mas uma vez que o enxofre nas nuvens altas dão uma coloração amarelada, a mistura final dá um céu cor de laranja em Vénus.

Já em Marte o céu será uma mistura entre o cor de rosa e o púrpura. Isso acontece porque a atmosfera marciana é muito mais rarefeita que a terrestre, e porque as poeiras de óxido de ferro que cobrem a superfície do Planeta são levadas pelos ventos que ocorrem em Marte até à atmosfera. Se a atmosfera fosse limpa destas poeiras, o céu marciano seria azul, embora um azul mais escuro, devido à menos espessura da atmosfera, quando comparada com a da Terra. Vejamos algumas imagens de Marte, todas recolhidas pela Mars Pathfinder:







Em cima, temos à esquerda a imagem do céu ao meio dia de Marte, o mais claro que pode ficar. À direita, é a imagem do por do Sol em Marte.

Em baixo, vemos o céu púrpura de Marte e a presença de nuvens geladas na imagem da esquerda. À direita, temos na mesma o momento do por do Sol, registado pela Mars Pathfinder.



segunda-feira, 30 de setembro de 2013

TRÂNSITO DA ISS PELA LUA

É por imagens como esta que eu amo o Espaço.
A poesia de algo assim, em que uma obra fabulosa de Engenharia se mistura com a paisagem perene da Lua nos nossos Céus Noturnos, tira-me o fôlego.


Conseguem ver a Estação Espacial Internacional (ao meio um pouco para a direita) um pouco acima da Cratera de Tycho (aquele círculo de onde parecem sair raios)?

Esta imagem é de 20/12/2012.
O trânsito da ISS durou pouco mais de meio segundo. Neste momento, a ISS estava a 424 km da Terra e a orbitar-nos a cerca de 28 000 km/h.

quinta-feira, 26 de setembro de 2013

EQUINÓCIO DE SETEMBRO

É normal as pessoas não saberem o que é o equinócio, tal como é normal não se saber o que é o solstício.

Mas antes de explicar o que é um equinócio, convém explicar por que motivo temos estações do ano.
O primeiro passo que é preciso desmistificar é que é verão quando a Terra está mais perto do Sol. ERRO CRASSO! Se assim fosse, como se explicaria que o verão no hemisfério norte seja simultâneo com o inverno no hemisfério sul? Se fosse verão por a Terra estar mais perto do Sol, então teria de ser verão no Planeta inteiro, certo?
Há pouco tempo tentei explicar isto a um tipo que insistiu comigo que eu estava errado. Porque, dizia ele, "se está mais calor, é porque está mais perto". Desisti. Não o consegui fazer entender que está mais calor porque o Sol passa mais tempo a iluminar-nos e a aquecer-nos. Nasce mais cedo e põe-se mais tarde. Isso faz com que esteja mais tempo acima do horizonte. Logo, temos mais calor...

E é precisamente isto que nos remete para o porquê de termos estações do ano.
Temos estações porque a inclinação do eixo da Terra relativamente ao Sol não é constante. É verão no hemisfério norte quando a inclinação desse eixo faz com que o Sol passe mais tempo a incidir no hemisfério norte e o mesmo se passa no hemisfério sul.
É por isso que o solstício de dezembro marca o verão no hemisfério sul (inverno no hemisfério norte) e o solstício de junho marca o verão no hemisfério norte (inverno no hemisfério sul).
A imagem que coloco a seguir é altamente explicativa. Repare-se bem na direção dos polos norte e sul, e como é mais fácil perceber que o sol passa mais tempo a iluminar o hemisfério norte ou sul consoante a inclinação no momento.















Ok, agora os equinócios.
Ora bem, tem de haver um ponto de transição entre estes dois extremos (os solstícios). Esse ponto marca o momento em que um hemisfério deixa de ser o "que mais Sol leva", para passar a ser o outro. Esse momento chama-se... EQUINÓCIO!
Tecnicamente, diz-se que o equinócio é o instante em que o Sol, na sua órbita aparente (ou seja, como vista da Terra), cruza o Equador celeste. O Equador celeste é a projeção da linha do Equador terrestre projetada na esfera celeste (podemos imaginar a esfera celeste como uma espécie de "cúpula" que IMAGINARIAMENTE nos envolve).
De outra forma, é o ponto em que a eclítica cruza o equador celeste. A eclítica é a linha imaginária percorrida pelos Planetas nas suas órbitas. Mas vamo-nos ficar pela primeira definição.

A origem etimológica da palavra "equinócio" é o latim, em que aequus (igual) e nox (noite) significam "noites iguais". Vistas as coisas de outro prisma, é o momento em que os dias e as noites são iguais.

E para isto, convém explicar como se mede o dia.
Mede-se desde a "alvorada" (ou "dilúculo") até ao "ocaso" (ou "crepúsculo").
O dilúculo é o instante em que precisamente metade do disco solar está acima da linha do horizonte e metade abaixo e o crepúsculo é a mesma coisa ao por-do-Sol. Assim, durante os equinócios, o dia e a noite têm precisamente 12 horas.
Penso que a imagem seguinte ajuda a compreender um pouco o que acabei de dizer.


sexta-feira, 13 de setembro de 2013

CIÊNCIA E RELIGIÃO NA MESMA FOTO

Lua e Vénus sobre o Cristo-Rei no Rio de Janeiro.

Ciência e Religião de mãos dadas?
Cristo a agarrar a Ciência?
Ou a Ciência a mergulhar sobre Cristo?

Perfeito, simplesmente perfeito.


Créditos da foto: Josselin Desmars

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

ASTRONOMIA Q&A

Divulgo este link, de um website dedicado a perguntas e respostas sobre Astronomia.
Já me inscrevi e já participei.
Amantes da Astronomia, registem-se!

http://astronomia.galactica.pt/


segunda-feira, 26 de agosto de 2013

ESTE E OUTROS MUNDOS... - parte 2

Lançaram-me o desafio de pesquisar que cores terá o céu a partir da superfície de outros Planetas. Esse desafio não está esquecido...

Hoje apetece-me apenas falar do que sinto e do despertar de consciência que uma noite a olhar para a... noite... provoca. É o descobrir de um Mundo que não está "lá em cima", que não orbita em torno de nada a não ser de nós próprios. O Nosso Mundo Interior.

Antes de me deitar, e à falta de oportunidade de levar o meu telescópio para um local apropriado, vou passar uns minutos à janela do meu quarto. Tenho a sorte de não ter prédios altos à minha frente e consigo ver alguma coisa da Noite.
Mas a Noite é para ser desfrutada em pleno. Gosto do Silêncio, do Cheiro da Noite. Gosto das Sombras e das Luzes indicadoras da presença de Mundos sobre a minha cabeça. E todo esse ambiente desperta-me para outro Mundo, o que está dentro da minha cabeça.

Há uns dias, o clima muito peculiar de Espinho fez-se sentir através da habitual neblina que nos envolve e humedece até aos ossos. Mesmo assim, fui à janela. O Céu estava ligeiramente alaranjado próximo da linha do horizonte, talvez como resultado da iluminação pública. Mas se calhar isso até contribuiu para uma atmosfera de misticismo estranha. A Luz das Estrelas ia e vinha. Júpiter aparecia e desaparecia.
Entre abertas nas nuvens despertei para a minha própria intermitência como Pessoa. O brilho está lá. A Luz está lá.

Por que motivo hei de privar-me a mim mesmo e a quem me rodeia dessa Luz? 
Não sei.

Mas sei que nenhum de nós o devia fazer consigo mesmo e com os seus.
Todos temos a nossa Luz. Não vamos abdicar dela.
A nossa presença na Terra é curta. Vamos aproveitá-la.

quinta-feira, 25 de julho de 2013

ESTE E OUTROS MUNDOS...

Ando algo desligado das minhas observações do Espaço. Por vezes a Vida trata disso sem nos perguntar se é essa a nossa vontade, e acabamos por tacitamente aceitar os seus desígnios.
Nem telescópio ao relento, nem banhos de escuridão, nem o som do silêncio, quase nem o olhar para cima com olhos de ver, de procurar, de pesquisar... os olhos com que o Espaço merece ser olhado e observado.

Mas a noite de 3ª feira para 4ª feira foi noite de insónia. Semi-insónia, se calhar.
Fiquei a ver o "Million Dollar Baby" no Hollywood. Fez-me bem ver o filme, pois já me tinha esquecido de quão poderosa é a mensagem que transmite. Outra coisa não seria de esperar quando se junta um fantástico Clint Eastwood a um invariavelmente brilhante Morgan Freeman, bem secundados pela Hilary Swank. A mensagem que passa é que a Vida é efémera e que devemos lutar pelos nossos objetivos. Que devemos ser firmes e não deixar que nos ponham de rastos com opiniões que podem não ser válidas. No fim, que é legítimo tentarmos manter a dignidade de controlar minimamente o nosso destino.

Mas depois o filme acabou e fui para o meu quarto. Eram 5h30, mais ou menos.
Fui à janela. Senti logo o cheiro a queimado de um incêndio que lavrava não muito longe e deixava uma coluna de fumo cinzento no ar e tapava todo o Norte da Esfera Celeste. O dia dava sinais de querer nascer, mas ainda assim dava para apreciar algumas das maravilhas que têm andado arredadas dos meus olhos.

Esta é uma visão parecida à que tive nessa noite...

Era incontornável ver o Olho do Touro, Aldebaran, e a sua intensa cor vermelha a sobressair nas Híades. A partir daí, bastava desviar o olhar para a esquerda até Alnath e para cima até às Plêiades. Touro é uma Constelação esplêndida.

Mas o facto de Touro ser visível implica outra coisa fabulosa... é que isso significa que Orion está aí a bater à porta. Tentei perscrutar com o olhar o mais próximo possível do horizonte, acima dos telhados dos prédios que tenho lá mais à frente. Não sei precisar, mas talvez acima dos 10º de elevação, detetei o que me pareceu ser Betelgeuse. Estando ali Betelgeuse, Bellatrix teria de estar mais acima um pouco, mais para a direita do meu campo de visão. Lá estava ela. Confirmado, Orion estava a nascer. Só tive pena de não conseguir vir Alnilam, Alnitak e Mintaka, as famosas Três Marias, e Rigel, eterna companheira nos nossos Céus Noturnos, devido aos obstáculos físicos, muito terrestres, que me limitam a visão do Céu a partir desse local pouco privilegiado para a Observação Astronómica que é o meu quarto.

Capella e Auriga, o Cocheiro, estavam bem lá no alto, e procurei a minha Constelação astrológica, Carneiro. Não acredito em nada dessas tretas, mas acho que todos nós, astrónomos mais ou menos amadores, ou pura e simplesmente amantes da Física e do Céu, gostamos de encontrar e observar a Constelação à qual aqueles pseudocientistas astrólogos dizem que pertencemos.

Mas mesmo ali à minha frente, estava a conjunção Júpiter-Marte.
Primeiro apercebi-me de que ao lado de Júpiter estava uma "não Estrela". Distinguem-se pelo brilho fixo e não cintilante. Observei melhor. Marte distingue-se pelo seu tom avermelhado, que olhos não treinados confundem com uma qualquer Estrela. O Planeta Vermelho estava ali bem diante dos meus olhos, a fazer companhia ao gigante Júpiter.
É impossível não me emocionar quando penso em tudo o que isso significa. Como o mestre Carl Sagan diria, não eram "simples Planetas" que estavam ali, mas sim outros "dois Mundos". Olhamos para Terra e vemos "o" Mundo, mas é apenas "o nosso" Mundo. Há mais Mundos no Universo. 

NÃO, NÃO ACEITO QUE ESTEJAMOS SOZINHOS NA VASTIDÃO CÓSMICA! 

Ser Astrónomo (amador ou não), ou simples Observador do Espaço, não é ser mais do que ninguém. É apenas ter mais consciência do nosso lugar no Cosmos. 
Há tanto por descobrir, tantos Mundos diferentes para contemplar, que acho inacreditável que haja tanta gente a olhar sempre e só para o seu próprio umbigo. Na minha dissertação de Mestrado salientei a seguinte frase de Dante, numa das folhas iniciais:

"Os céus giram sobre ti mostrando-te as suas eternas glórias, mas os teus olhos limitam-se a fitar o chão."

Esta frase tem muitas interpretações. Prefiro aquela que diz:

- Homem, és tão tapado... se levantares a cabeça e procurares ver acima do teu nariz, verás a infinidade de maravilhas que estão à tua espera!

E isto aplica-se muito, mas mesmo muuuuito, à Observação Noturna do Céu.
Astronomia é Ciência no seu estado mais puro, mas também é reflexão, sonho e magia. 
A Astronomia não é uma Ciência para lunáticos, como o meu pai nos chama, mas sim uma Ciência para quem quer e gosta de ter os pés bem assentes na Terra. Pois só assim podemos elevar as nossas mentes na descoberta e compreensão de outros Mundos.

Se calhar ninguém leu este post até ao fim.
Gosto de pensar que algum corajoso ou alguma corajosa respirou fundo e seguiu esta exposição dos meus pensamentos. Se sim, que se sinta livre para se manifestar... Um "fumaste algo que não devias!" ou um "partilho do que sentes!" serão igualmente bem aceites, com um sorriso. Afinal, o que pretendo e sempre pretendi com este meu blogue de Astronomia é fazer a minha pequeníssima parte de divulgação da Ciência, bem como incentivar e estimular a conversa sobre a compreensão deste e de outros Mundos.
Acho que hoje falei de um Mundo do qual não falo muito. O Meu Mundo.