segunda-feira, 26 de março de 2012

ULTRAPASSAGEM CÓSMICA

Alguém já reparou em Vénus e em Júpiter ultimamente? Para quem não sabe, são aqueles dois pontos extremamente brilhantes que vemos nos nossos céus Portugueses ao fim da tarde ou início da noite.

Esta imagem de cima foi tirada nos EUA, mas é como se fosse em Portugal, porque a latitude é semelhante, mas esse detalhe fica como tema para outro post.

Há umas semanas, Vénus (sempre o mais brilhante) aparecia mais baixo no horizonte...
Júpiter estava a aproximar-se, há poucos dias esteve "lado a lado", segundo aquilo que os nossos olhos viam.
Agora é claro que Júpiter está mais baixo no horizonte, e todos os dias a diferença aumenta um bocadinho...

O que é que está a acontecer? Estes dois Corpos Celestes têm alguma coisa em comum?

Pois bem, o que está a acontecer é uma "ultrapassagem cósmica"... sim, fui eu que batizei assim o acontecimento. :)
Explico de seguida, com recurso a imagens, para que seja mais claro.


A imagem de cima representa, obviamente, o Sistema Solar visto "meio de topo". As circunferências concêntricas são as órbitas de cada um dos Planetas em torno do Sol.
Se imaginarmos que estamos a ver o Sistema Solar "de perfil", essas circunferências irão parecer-nos uma linha, uma vez que a inclinação da órbita de todos os Planetas é muito semelhante (esta foi uma das razões da "despromoção" de Plutão na sua classificação).

Essa linha chama-se Linha de Eclítica e marca a órbita dos Planetas. Se olharmos para o Céu, vemos que estes fazem sempre a mesma trajetória e se deslocam sempre sobre a mesma linha. Um software de Astronomia assinalará a linha de eclítica da seguinte forma:


Sem entrar em dados "numéricos", que pouca importância teriam para a compreensão deste fenómeno, o que vemos é uma "ultrapassagem" de Júpiter em relação a Vénus.

Podemos comparar o que vemos ao trânsito numa autoestrada com várias faixas.
Imaginemos que vamos na faixa da direita.
A ultrapassar-nos está um carro que viaja a 100 km/h, mas numa faixa mais interior, há outro veículo a circular a 140 km/h.
Se olharmos pelo retrovisor, vemos o veículo mais rápido a aproximar-se, a ultrapassar o nosso carro e o outro que circula a 100 km/h, e depois a afastar-se gradualmente...

Penso que esta analogia facilita a compreensão.

quarta-feira, 21 de março de 2012

ERUPÇÕES SOLARES - 4


E que tal concluir o assunto das erupções solares com um vídeo demonstrativo do poder de uma erupção?
Ocorreu em 24 de fevereiro.

Repare-se no filamento magnético que é expelido e a onda gigantesca de material solar que se espalha à superfície, tal e qual um tsunami. A onda tem cerca de 400 000 km de extensão.
Nestes 20 segundos estão representadas cerca de 6 horas na realidade.


domingo, 18 de março de 2012

A EVOLUÇÃO DA LUA

Este vídeo publicado pela NASA mostra numa escala temporal muito acelerada, obviamente, a evolução da Lua desde a sua formação até aos nossos dias, tal como a conhecemos.
Vale a pena perder uns minutinhos...


quarta-feira, 14 de março de 2012

ERUPÇÕES SOLARES - 3

No seguimento dos 2 últimos posts, concluo hoje este tema.

Tinha mostrado fotos das Auroras Boreal e Austral vistas do Espaço, ficam aqui hoje imagens vistas da Terra. São igualmente deslumbrantes. Estes fenómenos são visíveis nas zonas polares porque, como já tinha referido, é onde o campo magnético da Terra é mais débil. Para se ter uma visão destas nos céus de Portugal é preciso um evento no Sol com muito maior intensidade que o normal.


Ainda há poucos dias a Terra foi atingida pelas partículas emitidas numa explosão solar, e as auroras foram vistas na Ásia Central, a latitudes mais elevadas que aquela a que nós estamos:
  • Espinho: ~aprox. 41ºN
  • Lisboa: 38º 4'N
  • Rio de Janeiro: 22º 55'S

E por que motivo as tempestades solares afetam tanto as comunicações?
Bem, basta pensar que qualquer forma de radiação eletromagnética pode provocar interferências. Há sempre um sinal "interferente" e um sinal "interferido". Mas pensemos apenas no caso mais claro: o GPS e o uso de satélites de comunicações.

Em traços muito gerais, o GPS (Global Positioning System) é uma rede de satélites que opera a média e baixa altitude (MEO: Medium Earth Orbit; LEO: Low Earth Orbit). Este tipo de satélites usa órbitas polares ou quase polares, ou seja, orbitam a Terra passando por zonas próximas dos polos para permitir uma cobertura global do planeta. Ora, sendo estas zonas as mais afetadas pelos efeitos das erupções solares, será previsível um aumento do risco de interferências.

Mesmo os satélites de comunicações, com órbitas geoestacionárias (GEO: Geostationary Earth Orbit), apesar de situados quase exclusivamente sobre o Equador (0º latitude) ou próximo, acabam por poder sofrer com as erupções solares. O facto de estes satélites se situarem a aproximadamente 36 000 km de altitude, já fora da exosfera, no chamado "espaço exterior", e as auroras ocorrerem a cerca de 100 km de altitude, na linha de Karman, é ilustrativo da debilidade (ausência?) da proteção que a camada atmosférica e a magnetosfera podem oferecer a estes satélites.

Espero ter contribuído para ajudar a esclarecer um pouco dos fenómenos físicos associados às erupções solares.