segunda-feira, 17 de novembro de 2014

A PHILAE ESTÁ A DORMIR...

E pronto, a Philae está a dormir.

Mas antes disso fez história. Pela primeira vez na História da Humanidade, conseguiu-se fazer aterrar algo feito por "Nós" na superfície de um cometa.

A bordo da sonda espacial Rosetta, lançada a 2 de março de 2004 à boleia do rocket Ariane 5, a Philae é um pequeno robô cujo objetivo é, juntamente com a Rosetta, fazer um estudo detalhado do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko.

A Rosetta e a Philae tomaram os seus nomes baseados na Pedra de Roseta e no obelisco que permitiu a sua leitura, elementos essenciais para a compreensão dos hieroglifos egípcios. Da mesma forma, espera-se que ambas possam agora ajudar a desvendar alguns enigmas sobre a origem do Sistema Solar e da origem da Vida na Terra.

A Agência Espacial Europeia conduziu esta missão desde o primeiro dia, fazendo algo que, pessoalmente, admiro bastante. A forma como se divulgou a missão e a sua evolução, e o modo como se conseguiu fazer chegar ao público cada conquista da Rosetta e da Philae, fizeram com que muitas pessoas se sentissem mais próximas da Ciência e da Exploração Espacial. Como admirador confesso de Carl Sagan e das suas ideias, não posso deixar de imaginar como ele ficaria feliz se soubesse que alguém ouviu os seus apelos de divulgação científica e a forma como a Humanidade conseguiu chegar a um novo "mundo", como ele chamava a todos os Planetas, Luas, Estrelas, Cometas... ou seja, a todos os corpos celestes que existem no nosso Universo.

Depois de uma longa viagem, a Rosetta aproximou-se do cometa a 6 de agosto deste ano. Tomou, depois, uma sequência de manobras que permitiram que fosse escolhido o melhor local possível para se fazer descer a Philae até à superfície do 67P.




Foram enviadas as primeiras fotos em primeiro plano de um cometa e a jornada pôde ser acompanhada ao minuto por todos os interessados, nomeadamente pelo twitter da Rosetta e da Philae. Os dados enviados para Terra estão agora a ser analisados. Após uns primeiros dias de sucessos, de repente as baterias da Philae começaram a dar de si. Recebem muito menos luz do sol do que era previsto e, naturalmente, cederam.

Há uma janela de oportunidade para recuperar as comunicações quando o cometa se aproximar do sol, em agosto de 2015. Até lá, a Philae está a dormir...