quinta-feira, 30 de outubro de 2008

A MUDANÇA DA HORA

Não é por pura carolice que se mexe nos relógios duas vezes por ano...
A ideia de adiantar os relógios para aproveitar melhor as horas de sol foi lançada em 1784 nos EUA por Benjamin Franklin, numa época em que ainda não existia luz eléctrica. No período de Verão os relógios andam para a frente uma hora, e no período de Inverno, voltam a coincidir com o Tempo Universal Coordenado (UTC, que veio substituir o Tempo Médio de Greenwich - GMT).

Na prática, quem olha para o céu, vai ver que no dia seguinte ao de atrasar o relógio, as estrelas estarão, à mesma hora do dia anterior, mais "adiantadas", "deslocadas" para Oeste. Todos os dias as estrelas nascem cerca de 4 minutos mais cedo. Por isso, de um dia para o outro, essas diferenças não são perceptíveis. Mas se de um dia para o outro mexermos no relógio uma hora, torna-se evidente que o espectáculo a que assistimos é outro...

Podemos ver algumas constelações nascer mais cedo. Orion, na sua imponência, destaca-se de tudo a Nascente. É facilmente identificável por ter muitas estrelas brilhantes num padrão muito próprio:



Também Gémeos, Touro, Perseu e Cassiopeia são impossíveis de falhar, se soubermos para onde olhar...

Ao invés, outras formações que nos acompanharam durante o Verão começam agora a desaparecer do nosso campo visual. De entre elas, não posso deixar de destacar o Triângulo de Verão, constituída por 3 estrelas de constelações diferentes, mas muito brilhantes.

terça-feira, 28 de outubro de 2008

PLUTÃO, O PLANETA ANÃO

E falei de Plutão, o até há poucos anos nono planeta do Sistema Solar.
Devido a alguns factores, que resumidamente vou relatar, mudou de categoria.

Primeiro, Plutão tem uma órbita muito excêntrica. E o que é a excentricidade de uma órbita? É o ângulo que ela faz relativamente à órbita "de referência", a da Terra. No caso da imagem que aqui coloco, a comparação é feita com a órbita de Neptuno, que é próxima da da Terra. A órbita de Neptuno é a que está inserida no plano horizontal, a de Plutão está no plano oblíquo. A excentricidade da sua órbita é de aproximadamente 17º, tal como está indicado na imagem, e esse valor é extraordinariamente elevado, já que esse ângulo é muitíssimo mais reduzido no caso dos outros planetas. Cá vai outra imagem exemplificativa:Plutão tem um satélite natural (Caronte) com uma dimensão muito próxima da sua, de tal forma que se fala no par Plutão-Caronte. Giram um em torno do outro porque as suas massas não são tão diferentes assim, ao contrário dos outros planetas do Sistema Solar, que são muito maiores que as suas luas, e não sentem tanto os efeitos da sua gravidade. Nix e Hydra são outras luas, bem mais pequenas que Plutão.



Existem outros corpos de dimensões semelhantes às de Plutão, que foram descobertos mais recentemente, e que também conduziram à sua "despromoção". Isso será motivo de conversa noutro dia.

Há ainda outro facto diferente em Plutão. A sua órbita cruza com a de Neptuno durante alguns anos (dos 248 anos que demora a sua translação, 20 são passados mais próximos do Sol que Neptuno). Esta imagem é elucidativa:


Podemos ainda ver que a sua órbita é mais elíptica e menos circular que a dos outros planetas.

Plutão pode ter "descido de categoria", mas ninguém duvida que é muitíssimo especial...

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

A LINHA DE ECLÍPTICA (2)

E o que é a linha de eclíptica? Porque é que é por essa zona do céu que podemos ver os planetas do Sistema Solar?

Nunca tinha pensado nesta questão, mas a resposta é muito óbvia... já tinha visto imagens do Sistema Solar com as órbitas dos planetas desenhadas, como a que se segue:



E depois a Matemática explicou-me o resto... O que é que muitas circunferências concêntricas definem? Um plano. Neste caso, o plano das órbitas dos planetas é o plano de eclíptica. Se imaginarmos que fazemos um "corte" nesse plano, ou melhor, imaginando-o "de lado", vamos acabar por obter uma linha, a linha de eclíptica.
Outra forma que achei para perceber foi a de me imaginar na Terra, e como todos giram em torno do Sol, todos iriam aparentemente girar em círculo à minha volta... E esse círculo estaria definido, baptizado de linha de eclíptica...

Plutão está ali representado. Foi considerado pela União Astronómica Internacional como um planeta-anão, foi despromovido, mas isso é assunto para amanhã.

sexta-feira, 24 de outubro de 2008

A LINHA DE ECLÍPTICA

A linha de eclíptica é algo que não podemos ver com os nossos olhos, mas podemos imaginar.
Nesta figura, a linha branca em arco é a linha de eclíptica, a linha sobre a qual se movem os planetas no nosso campo visual. Nesta altura do ano, é muito fácil identificar 2 planetas no nosso céu. Ao início da noite, olhemos para Sul / Sudoeste, quando o céu ainda não estiver completamente escuro. Vemos Vénus, mais baixo no horizonte e mais perto de onde o Sol se pôs, e Júpiter, mais alto e mais a Sul. Imaginemos o arco que passa entre eles e temos a eclíptica.

Na imagem seguinte temos um excerto um pouco amplificado do mapa anterior.
Estão sinalizados 4 planetas sobre a eclíptica. Plutão, Neptuno e Urano são planetas muito pequenos e só com a ajuda de telescópios os podemos ver. Júpiter é o maior de todos e é muito visível a olho nu.
Mas o que quero frisar é o facto de todos estes planetas se encontrarem sobre a eclíptica.
Querendo procurá-los, já sabemos onde o fazer...

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

O PRIMEIRO MAPA

A primeira vez que vi um mapa celeste foi na Serra da Freita, numa noite dedicada à observação de meteoros, e foi como entrar num labirinto. Confesso que me baralhou bastante olhar para o papel e não reconhecer nada após um primeiro olhar.

Depois decidi-me a ver com atenção aquele bocadinho de céu que tinha na mão. Obviamente que todos os pontinhos que vi eram as estrelas e as linhas que os uniam eram os desenhos das constelações, mas havia uma linha curva, um "arco", que se distinguia das restantes. Deduzi que fosse a linha da eclíptica, de que outro dia, talvez amanhã, falarei. Confirmei com o profissional que estava presente, e era de facto o que eu pensava.
Depois notei que havia pontos maiores e outros mais pequenos, a que correspondem estrelas mais ou menos brilhantes. Esta representação depende de programa para programa. No "SkyMap Pro 11", por exemplo, há pontos, círculos, e losangos, por forma a diferenciar os vários tipos de estrelas.

"Visão de um mapa do Cartas Celestes"


Uma das primeiras coisas que podemos fazer para nos "localizarmos" é saber para que lado está o Norte e o Sul no mapa, e a orientação do mapa. Lá, pode vir indicado o Ponto Cardeal ou os graus a que correspondem. Por exemplo, Norte são 0º, Este 90º, Sul 180º e Oeste 270º. Posto isto, é preciso começar a comparar o mapa que temos à frente com o céu que temos sobre as nossas cabeças...


"Visão de um mapa do SkyMap Pro 11"

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

AS PRIMEIRAS OBSERVAÇÕES

Sempre me interessei pela Astronomia, mas só nos últimos 2 ou 3 anos tenho vindo a estudá-la com um pouco mais de atenção. Antes de lermos livros especializados, fazermos pesquisas na net ou procurar arranjar programas de computador que nos ajudem neste estudo, convém primeiro apreciar o céu nocturno. Antes de o compreender, optei por o admirar. E não me arrependo nem um bocadinho...

Se olharmos para o céu e não o conhecermos, o que vemos é uma amálgama de pontos brancos sem qualquer ordem ou distribuição específica. Mas à medida que formos repetindo as nossas observações, vamos concluindo que dia após dia os padrões se repetem, se movem ordenadamente, sempre da mesma forma... Vamos também descobrindo que nem todos os pontos são brancos, porque uns são mais alaranjados, avermelhados ou azulados, que uns são mais brilhantes que outros, que uns cintilam e outros têm um brilho permanente.
E isto é trabalho permanente, pois acabamos sempre por descobrir coisas novas! Quem não gostar de andar de nariz no ar, não pode aspirar a ser Astrónomo...