quarta-feira, 24 de março de 2010

MITOLOGIA GREGA - Plêiades

No último post falei de Orion e as Plêiades estão mesmo ali ao lado... Hoje falo delas em particular.

As Plêiades eram as sete filhas do titã Atlas e da oceânide Plêione, nascidas no monte Cilene, e irmãs de Calipso, das Híades e das Hespérides.

O seu nome, como o da sua mãe, deriva do grego pleîn, "navegar", porque este aglomerado estelar é visível na noite do Mediterrâneo durante o Verão, desde meio de Maio ao início de Novembro, período que coincide com a estação da navegação na Antiguidade.
Originalmente ninfas Oréades, as Plêiades fizeram parte do cortejo de Ártemis e, junto com as Híades, eram chamadas também de Atlântidas, Dodónidas ou Nisíadas, as ninfas que foram amas e mestras do pequeno Dioniso.

As Plêiades, numa ilustração do século XIX


Depois de Atlas ter sido obrigado a suportar os céus em seus ombros, Órion, apaixonado, começou a perseguir as Plêiades. Zeus, agradecido pelos cuidados a Dioniso, transformou-as primeiro em pombas, para permitir que fugissem, mas como o caçador continuava no seu encalço, acabou por transformá-las novamente em estrelas. Por isso, no céu, a constelação de Órion parece perseguir as Plêiades.

No aglomerado estelar, seis das estrelas são claramente visíveis, enquanto a sétima, Mérope, é mais apagada porque, segundo o mito, está envergonhada por ter sido amada por um simples mortal, enquanto todas as irmãs foram amantes de deuses.

As Plêiades, numa foto comentada

As sete Plêiades são:
Maia - a mais velha, amante de Zeus, foi mãe de Hermes
Electra - amante de Zeus, foi mãe de Dárdano e Iásion
Taígete ou Taígeta - amante de Zeus, foi mãe de Lacedémon
Alcione - amante de Poseidon, foi mãe de Hirieu
Celeno - amante de Poseidon, foi mãe de Lico e Euripilo
Astérope ou Estérope - amante de Ares, foi mãe de Enôamo
Mérope - casou-se com o mortal Sísifo e foi mãe de Glauco

sexta-feira, 19 de março de 2010

MITOLOGIA GREGA - Orion

Nem tudo o que é mito é mau. A Mitologia Grega é disso exemplo máximo. Vou tentar deixar aqui algumas histórias, que classifico de absolutamente fascinantes, nos próximos posts.

Como se vai verificar, raras são as histórias em que não há outra versão. É por isso que são mitos...

Começo com Orion.


Órion era um gigante, filho do deus Poseidon e de Euríale.

Caçador extremamente habilidoso, chegou à Ilha de Quios e apaixonou-se por Mérope. Enópion, filho do deus Dionísio e pai de Mérope, prometeu a Orion a mão da sua filha se ele exterminasse todos os animais perigosos da ilha, uma mentira que Orion tomou por verdadeira.
Órion trabalhou arduamente todas as noites, até cobrar o prometido. Mas Enópion mandou espalhar o boato que ursos e leões estavam nas montanhas criando insegurança para as caravanas.
Desanimado, Órion embebedou-se. Entrou no quarto de Mérope e violou-a. Enópion, enfurecido, pediu ajuda ao seu pai Dionísio, que enviou os sátiros para que fizessem com que Órion ficasse bêbado até a inconsciência. Enópion quando viu o gigante indefeso, vazou-lhe os olhos e abandonou-o à beira-mar.

Um oráculo, entretanto, profetizou que se Órion viajasse para leste até a morada de Helios no Oceano e o fitasse quando ele fosse iniciar a sua jornada, recuperaria a visão.
Um aprendiz de Hefesto guiou-o até a morada de Helios, que tornou real a profecia do oráculo. Eos (Aurora) ao ver o gigante, apaixonou-se pelo jovem que tornou-se seu amante. Passado o calor da paixão, Órion voltou para Quios, para se vingar, mas Enópion já tinha fugido.
Orion foi procurá-lo para Creta, mas encontrou Ártemis que, como ele, era apaixonada pela caça. Tornaram-se grandes amigos, provocando o ciúme de Apolo, irmão da deusa.

A partir deste ponto, a lenda divide-se.

Em algumas versões, aproveitando-se da confiança que a deusa havia depositado nele, Órion tenta violentá-la. Ela foge e ele, raivoso, começa a exterminar todos os animais. Ártemis, a deusa da caça, procura manter o equilíbrio na natureza impedindo a caça indiscriminada.
Ela envia um enorme e venenoso escorpião para matar Órion, o que de facto acontece. Entretanto o escorpião também é morto por Órion.

Alguns autores colocam que a morte do escorpião foi causada pelos sagitários como represália à morte de Órion, de quem eles eram grandes amigos. Isto explica por que na constelação do Sagitário a flecha do seu arco aponta para o "coração" do escorpião.
Outra versão conta que Órion tentou violentar uma sacerdotiza de Ártemis e por isso ela teria enviado o escorpião para o matar.

Há, ainda, a versão em que Apolo, enciumado com as atenções que a irmã dava ao gigante, enviou o escorpião para o perseguir. Órion foge pelo mar em direção a morada da sua antiga amante (a deusa Eos), à procura de protecção. Apolo vê-o fugir e desafia a irmã a acertar, com as suas flechas, num pequeno ponto preto sobre as águas. Ela prepara o arco e atira, sem saber que o ponto negro a que Apolo se referia era a cabeça do seu amigo.

Em outra versão, também explicada pelo posicionamento das Estrelas, Órion alimenta a sua paixão por Mérope (uma das Plêiades) e continua a persegui-la. Não sendo correspondido, inicia uma matança indiscriminada de animais, provocando a ira de Ártemis que envia o escorpião para o matar.

segunda-feira, 15 de março de 2010

ZODÍACO - FACTOS E MITOS

O que é um facto e o que é um mito, está sempre relacionado com o que é Astronomia e Astrologia. Se em tempos foram a mesma Ciência indistinta, hoje em dia não passam de filhos da mesma mãe. E ainda bem, pois se uma se baseia em factos e me causa o mais puro dos fascínios, a outra não passa de uma pseudo-ciência sem qualquer espécie de base científica.
Podia justificar o que digo de muitas formas, mas hoje faço-o apenas falando do Zodíaco.

Panorama de 360º com as constelações sobrepostas ao céu noturno

A sua origem vem do grego zodiakós kyklos, que significa "círculo dos animaizinhos". Em traços muito leves, pode ser definido como a zona do Céu por onde passam os Planetas na sua trajectória, outrora conhecidos como Estrelas Errantes, devido a serem pontos celestes com movimentos diferentes dos pontos celestes "fixos". Facto.

Astronomicamente, o Zodíaco é composto por 13 constelações. Facto. Além das 12 constelações conhecidas do horóscopo, Ofiúco (o Serpentário) tem uma região que cruza o Plano do Zodíaco. Facto. As constelações não são só o conjunto de Estrelas visíveis, mas também todos os Astros e Corpos Celestes contidos naquela região do Espaço. Facto. As Estrelas mudam a sua posição relativa, por estarem a distâncias diferentes de nós e terem movimentos diferentes, logo, a forma das constelações não é constante. Facto.

Astrologicamente, o Zodíaco é composto por 12 constelações, que só servem para dividir os 360º do Céu em partes iguais. Dá jeito. Após a inclusão de Ofiúco, em 1930, a Astrologia continua a fazer de conta que a nova constelação do Zodíaco não existe. Ia complicar as contas. Para a Astrologia, a hora e o local de um evento influenciam o sucesso ou insucesso, devido à posição relativa dos Astros... hein??? Se eu nascer em Abril sou melhor ou pior pessoa do que se nascer em Maio? MITO!

E nem continuo. A distinção do que é a sério e a brincar é mais do que clara...

terça-feira, 9 de março de 2010

A LEI DAS ESTRELAS

Etimologicamente, Astronomia significa "A Lei das Estrelas".

Nada mais correcto para nome de baptismo...

Teve origem em alguns povos, que acreditavam que recolhiam ensinamentos vindos das Estrelas. A chegada da chuva, do frio, das épocas das colheitas, tudo dependia do posicionamento das Estrelas e dos Planetas no Céu Nocturno.

Quem olhar para o Céu de forma mais poética, pode perfeitamente continuar a sentir a Lei das Estrelas, se pensar, por exemplo, que Orion, uma constelação de Inverno no Hemisfério Norte, se começa a deitar a Oeste nesta altura do ano, em que o Inverno (normalmente) se vai embora... Acto contínuo, depois de Orion se deitar, olhamos para Nascente e vemos Vega a acordar, um dos vértices do Triãngulo de Verão a surgir timidamente...

A Lei das Estrelas é infalível e eterna, saibamos nós obedecer-lhe e sentir como ela é justa.

sexta-feira, 5 de março de 2010

ASTRONOMIA PARA TOTÓS

Não costumo ver o "Cinco para a meia noite", que passa na RTP2, mas no outro dia a minha mãe alertou-me para o facto de estar um Astrónomo à conversa com o infeliz do Nilton.

Eu até lhe acho alguma piada, não muita, mas ele é extremamente inconveniente. Na parte final do programa, ele deixa a seguinte pergunta ao Astrónomo que lá estava, do qual me falha o nome: "Por que é que dizem que a Astronomia é para totós?".

O homem riu-se. A vontade não seria essa. A minha não foi.

Só diz que a Astronomia é para totós alguém definitivamente obtuso e de horizontes limitados. Todos somos livres de gostar ou não de algo. Todos temos o direito de olhar para algo e sentir que esse algo não desperta a atenção. Mas nada nem ninguém nos dá o direito de criticar uma Ciência à qual poucas pessoas prestam a devida atenção. Nem todos temos de ser apaixonados por uma actividade, como todos os Astrónomos (amadores ou não) são pela Astronomia. Mas pelo menos devemos respeitar quem se dedica a contemplar e estudar a Natureza. Porque a Astronomia também é filha (ou se calhar a Mãe...) da Natureza.

Dizer que a Astronomia é para totós é pior que ser indiferente ao Conhecimento. É uma imbecilidade que não merece estas linhas.


A Astronomia é, sem dúvida, uma actividade que exige esforço e dedicação. Se calhar até algum isolamento social em certas ocasiões, porque no centro das cidades nada se faz. Mas um grupo de pessoas junto para contemplar a noite permite passar uma noite fantástica!

A Astronomia exige a fusão entre a capacidade de abstracção que o imaginário requer com a objectividade de uma Ciência dependente da Matemática.

A Astronomia está presente em tudo, desde as estações do ano aos eclipses, desde a beleza do Céu Nocturno ao facto de saber os porquês de ser mais frio no Inverno que no Verão, desde o simples conhecimento dos nomes das Estrelas ao estudo dos misteriosos Buracos Negros.

Por isso, Nilton... vai-te catar!

segunda-feira, 1 de março de 2010

VIDA EM OUTROS MUNDOS

Ainda um pouco na continuação do post anterior...

Uma vez que existem outros Tempos em outros Espaços, porque não existirem outras Vidas em outros Mundos?

Claro que não estou a falar de seres verdes e cinzentos, com cabeças oblongas e olhos todos pretos. Claro que não estou a falar de avatares azuis, ou de criaturas que adivinham os nossos pensamentos. Falo simplesmente de outras vidas, que na esmagadora maioria dos casos serão microbióticas.

A Teoria Geocêntrica de Aristóteles e Ptolomeu foi abolida há vários séculos, já não faz sentido pensarmos que somos especiais, únicos e privilegiados. Sem colocar em causa os ensinamentos religiosos que tive e tenho, e a minha crença na intervenção divina de Deus na criação da Humanidade, não posso deixar de admitir que nós, Homens, somos o resultado de uma série de felizes coincidências de evolução e selecção natural.

Porque não pensar que iguais coincidências podem ter ocorrido em outros locais deste infinito Universo? Estima-se que existam cem mil milhões de Galáxias, cada uma com cem mil milhões de Estrelas. O Sol é uma delas, e até é de uma dimensão bastante modesta, já para não dizer que estamos remetidos aos arrabaldes da nossa própria Galáxia.

Por que motivo haveríamos de ser mais do que um grão de pó?