terça-feira, 31 de janeiro de 2012

ERUPÇÕES SOLARES - 1

O jornal "A Bola", aqui em Portugal, noticia o seguinte:

http://www.abola.pt/mundos/ver.aspx?id=312038
Erupção Detetada
Transcrevo:
Erupção solar obriga a desvio de voos

Uma companhia aérea americana foi forçada a desviar alguns voos devido à perturbação nas comunicações que está a ser causada pelas radiações provenientes da erupção solar que está em curso.

Os efeitos sobre a superfície terrestre mal se fazem notar, mas no ar as consequências começam a ser identificadas.
Alguns voos entre a cidade de Detroit e destinos asiáticos foram desviados para evitar complicações nos voos. 
As partículas com carga elétrica que estavam a dirigir-se para o planeta estão a ser desviadas pelo campo magnético terrestre, o que para os cientistas justifica as reduzidas consequências na superfície.
Segundo a agência de notícias Reuters, os voos desviados são os que tinham rotas mais próximas do Polo Norte, e por isso os mais sujeitos a ser afetados, mas a decisão de mudar o trajeto acrescenta 15 minutos ao tempo da viagem.
O porta-voz da Delta Airlines, Anthony Black, explicou o desvio dos voos: «Estamos a atravessar uma série de erupções solares que estão a ter impacto na parte mais a norte do planeta. Isso pode ter consequências nas nossas comunicações. Por isso, as rotas polares estão basicamente a ser feitas mais a sul do que o normal.»
Pelos mesmos motivos a companhia United Airlines também teve que desviar um voo da sua rota normal.
A agência federal norte-americana National Oceanic and Atmospheric Administration, que regula as condições marítimas e atmosféricas, considerou esta erupção solar como a mais forte dos últimos sete anos.

Nos próximos posts pretendo esclarecer três aspetos principais:
  1. O que é uma erupção solar?
  2. Porque é que os voos mais afetados são os que passam perto do Pólo Norte?
  3. Afeta as comunicações porquê?
Dedico-me hoje só à parte da erupção solar e deixo as outras questões para depois.
Erupção Solar
O que é uma erupção solar?

Primeiro, temos sempre de ter presente que o Sol não é apenas uma bola de luz. O Sol, não tendo vida no verdadeiro sentido da palavra, tem-na sob a forma de movimento, brilho, produção de luz e energia, reações químicas, explosões, até beleza própria, como qualquer outra Estrela.
Sendo o seu interior constituído por correntes de plasma a temperaturas altíssimas e pressões extremas, por vezes surgem alterações súbitas no seu campo magnético, que fazem explodir a matéria que compõe as camadas superiores do Sol. Estas alterações de campo magnético são, então, a causa maior das erupções solares.

O ciclo de atividade magnética no Sol é de 11 anos, e tem máximos e mínimos. Podemos "avaliar", ou "medir", essa atividade, através do número de erupções e de manchas solares. Quando há menos manchas, normalmente há mais erupções...
Estas manchas são zonas mais frias, de campos magnéticos muito fortes que atraem uma grande quantidade de plasma, que impede a emissão para o espaço de protões e eletrões entretanto produzidos. Quando esse plasma cede, há uma erupção...

 Manchas Solares

Estas explosões expelem para o espaço partículas eletricamente carregadas. E é a partir daqui que começo o próximo post.

quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

INFINITAMENTE PEQUENOS

O post de hoje não vem no seguimento direto do anterior, mas está, de alguma forma, relacionado.

Terá o Universo mesmo sido feito PARA o Homem?
Ou podemo-nos gabar de ter um Universo habitado também PELO Homem?

Já alguém parou para pensar no que verdadeiramente somos? Em quão insignificantes somos no contexto do nosso Universo?

Somos 6 ou 7 BILIÕES de pessoas num pequeno Planeta, que gira em torno de uma pequena Estrela, que é apenas um sol dos cerca de CEM MIL MILHÕES de sois existentes na nossa Galáxia. Galáxia esta que é uma entre os muitos milhares de milhões existentes.


Esta da foto é a Galáxia de Andrómeda, o objeto 31 do Catálogo de Messier (M31). É muito semelhante à nossa própria Galáxia, a Via Látea. O nosso solzinho está metido num dos braços espiralados da nossa Galáxia. Não se vê nem se destaca, claro está. Muito menos se vê ou se destaca o nosso microplaneta Terra. E mesmo pequeno, não conseguimos cuidar decentemente dele, tais são os riscos a que o expomos com os nossos caprichos de humanos mimados que somos.

Somos todos pequeninos no mundo, no Universo. Mas nem todos temos de ser pequeninos de pensamentos e sentimentos, de crenças e emoções.
Cabe a cada um de nós fazer a diferença. Ridícula comparada com a dimensão do Universo, gigantesca em relação a quem nos rodeia.

sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

CIÊNCIA E/OU RELIGIÃO?

A vida dá voltas com as quais não contamos, e coisas de que tanto gostamos e pelas quais tanto carinho temos acabam por, muitas vezes, ser postas de parte sem que o queiramos. É o caso deste blogue, o meu cantinho online para uma das minhas paixões: a Astronomia.

Aos poucos, quero retomar a minha atividade por aqui, quero continuar a eleição das 7 Maravilhas da Astronomia, mas esse assunto vai ficar em stand by para já.

Hoje partilho convosco uma questão que, não me incomodando particularmente, me faz pensar um pouco.
Serão os físicos e cientistas tão céticos quanto à Religião, que não admitam a intervenção divina na Criação?
Serão as várias religiões tão fechadas, que rejeitem os modelos atuais explicativos sobre a formação do Universo?

Dizem que Ciência e Religião são incompatíveis. Não concordo.

Acredito que há algo mais sobre as nossas cabeças, algo que não conseguiremos (nem teremos...) necessariamente de explicar e compreender.
Acredito que Deus está em nós, nas nossas ações para com o próximo, no nosso coração.
Acredito que o nosso ser tem um destino quando o corpo se apaga fisicamente, quando biologicamente as nossas células morrem. Qual destino, não faço ideia.
Ouve-se muitas vezes, na Eucaristia, a expressão "o Mistério da Fé". Talvez seja precisamente esse o seu sentido, porque nada é claro, é apenas aquilo em que acreditamos e o que sentimos. E isso não é físico.


Por outro lado, acredito na Teoria do Big Bang.
Acredito no modelo atual para a formação do Universo, pois tudo faz sentido.
Acredito na teoria da evolução das espécies de Darwin, pois toda ela faz sentido.
Acredito que não somos os únicos no Universo e que ele não foi feito para nós. Somos uns meros habitantes de um Planeta pequeno, que orbita uma Estrela pequena, nos arrabaldes de uma Galáxia de dimensão mediana. Como nós, existirão muitos mais.


Sinto que tudo se completa, Ciência e Religião.

Conto um episódio que aconteceu na semana passada.
Fui dar a minha corrida junto ao mar. Com menos luz, sinto-me sempre obrigado a contemplar o Céu.
Estava um fim de tarde fantástico, frio mas com Céu limpo e os Pontos de Luz impunham-se com facilidade. Já o Sol se tinha posto. Orion já estava gloriosa a Este, e Sírio estava mesmo a despontar. No mesmo Céu, tinha o privilégio de ver facilmente Júpiter e Vénus, belos e imponentes como sempre. Acompanhei a descida de Vénus para baixo da linha do horizonte.
Pareceu-me ver uma tonalidade ligeiramente mais alaranjada no seu brilho e associei esse facto à mudança de cor que vemos no Sol nessa fase do seu ciclo diário. Dispersão de Rayleigh, aprendi eu há uns dias e motivo de um post futuro, talvez aplicado a Vénus. Talvez fosse isso, vou investigar... 
Mas o movimento (aparente) de Vénus (o movimento real é o da rotação da Terra) foi tão gracioso, tão suave, e acompanhado de cores tão belas, que o "pôr de Vénus" foi quase tão romântico como o pôr do Sol... 

Perante uma explicação tão física de um momento tão doce, só posso concluir uma coisa:
Deus existe.