quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

FELIZ NATAL

Venho apenas desejar a todos os amantes das Estrelas que cá vêm um Natal muito Feliz.
Desejo, do fundo do meu coração, que esta quadra seja vivida com muita Paz e muito Amor, na companhia de quem melhor nos faz sentir.
Um grande abraço a todos,
Carlos Capela

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

HISTÓRIA DA ASTRONOMIA - a descoberta da Radiação Cósmica de Fundo - 2

Karl Jansky foi (é!) o pai da Radioastronomia, mas outro passo decisivo foi dado pelos cientistas Arno Penzias e Robert Wilson, ambos a trabalhar nos Laboratórios Bell, que possuía uma antena de rádio de 6m, em forma de chifre, inicialmente projectada para detectar os sinais dos satélites-balão Echo, e que mostro na imagem a seguir, juntamente com os 2 cientistas.
Como curiosidade, o Echo consistia numa esfera de 66cm que, uma vez em órbita, era insuflada e transformava-se num globo de 30m de diâmetro capaz de reflectir ondas de rádio provenientes da Terra na direcção de um detector igualmente situado na Terra. Contudo, razões económicas levaram este projecto ao abandono, ficando a antena livre para se transformar num radiotelescópio com alguma precisão na localização de fontes de rádio cósmicas, até porque estava bem protegida de interferências de rádio terrestres.

Os Laboratórios Bell autorizaram os 2 cientistas a investir tempo no estudo das fontes de rádio celestes, mas antes disso eles preferiram estudar o seu telescópio... E ainda bem que assim foi!
O primeiro ponto a trabalhar era a identificação exacta do nível de ruído, tentando minimizá-lo.

Ruído é, basicamente, o sinal indesejável que influencia negativamente a recepção de uma onda electromagnética, seja de rádio, tv, ou outra qualquer. Quando a potência do ruído supera a potência do sinal, a comunicação sofre com isso.

Isso aplica-se à radioastronomia de várias formas, em especial no estudo dos sinais rádio das Galáxias. Quanto mais distante estiver uma Galáxia, mais fraco será o sinal rádio recebido na Terra. Nesses casos, a análise ao ruído é da máxima importância, uma vez que ele se pode sobrepor ao sinal.
Para verificar o nível do ruído, Penzias e Wilson apontaram a antena a uma zona do Céu menos provida de Galáxias e de onde todo o sinal recebido deveria ser ruído mas, ao contrário do que esperavam e para seu desapontamento, o nível do ruído recebido era muito grande.

Há 2 tipos de ruído: o externo e o inerente ao equipamento.
Para estudar o primeiro, chegaram a apontar o telescópio para Nova Iorque, uma grande cidade que poderia introduzir ruído nas comunicações, mas nada se alterou.
No caso do segundo, optaram por verificar todas as ligações e junções do equipamento, reforçando até coisas que à partida estavam bem, só para ter a certeza que nada falharia, mas nada se alterou.
E aqui começa a dar-se uma história curiosa, pois depararam-se com um casal de pombos que... bem... largava ali o produto da sua digestão. Por palavras deles, depositava ali "um material dieléctrico branco", que poderia ser o causador do ruído captado.
Agarraram os pombos, enfiaram-nos na gaiola Hav-a-Heart (na imagem em baixo) e mandaram-nos para os Laboratórios Bell de Nova Jérsia, a cerca de 50km de distância. Penzias e Wilson, cientistas abnegados, esfregaram a antena até ela ficar reluzente! Supostamente pronta para eliminar ruído! Mas os pombos encontraram o caminho de volta... com o consequente ressurgimento do "material dieléctrico branco" por toda a parte...

(Quem já foi vítima de um pombo sabe quão desagradável isso pode ser...)

Solução encontrada e relatada na 1ª pessoa por Arno Penzias:
"Havia um criador de pombos disposto a estrangulá-los para nós, mas pareceu-me mais humano abrir a gaiola e matá-los a tiro." Pois, esta parte não gostei...
Depois de mais de um ano de limpezas e cuidados com o radiotelescópio, o nível de ruído reduziu.
Sabiam que parte do que restava se devia a efeitos atmosféricos e outra ao formato da antena, em forma de chifre, mas não podiam eliminar estes factores.

Havia algo mais...