quinta-feira, 28 de outubro de 2010

HISTÓRIA DA ASTRONOMIA - Eppur si muove!

Galileu defendeu o modelo heliocêntrico e provou a sua validade, usando o telescópio para mostrar que:
  • Júpiter tem satélites;
  • O Sol tem manchas;
  • Vénus tem fases.
Entretanto, Galileu escreveu o "Diálogo dos Dois Máximos Sistemas", em que 3 personagens conversam sobre as 2 teorias rivais. Salviati era um homem culto e defendia a teoria heliocêntrica. Simplício defendia o modelo geocêntrico e era um bobo. Sagredo era um mediador com opinião que defendia a mudança das mentalidades... Era um mero texto, mas era um texto acessível ao público, até porque foi escrito em Italiano e não em Latim, como era prática corrente. Galileu queria conquistar o público.

Mas as mentes não mudam facilmente... O astrónomo Francesco Sizi, ao ouvir falar falar dos satélites naturais de Júpiter, argumentou (?) assim:
"Os satélites são invisíveis a olho nu, e portanto não podem ter influência na Terra; por conseguinte, são inúteis e por isso não existem."
Belo argumento...

A própria Igreja tratou de forçar Galileu a retratar-se publicamente pelas suas acções e, em 1633, ao ser condenado a prisão domiciliária por tempo indeterminado, ouviu ajoelhado a sentença e murmurou, numa forma de manter a sua posição bem vincada, "Eppur si muove!" ("E no entanto ela move-se!").

domingo, 17 de outubro de 2010

OBSERVAÇÃO 16/10/2010

E O COMETA NÃO FUGIU!

Não haveria melhor forma de começar este post, uma pausa mais que justificada na História da Astronomia, para assinalar a captura da imagem do momento. O Cometa 103P/Hartley, assim chamado porque foi o 103º Cometa periódico a ser descoberto, precisamente por Malcolm Hartley, a 15 de Março de 1986, fez mais uma das suas passagens perto da Terra, e eu não o podia perder. Perto, é como quem diz aproximadamente 18 000 000 km...
Lá fomos os 3 de sempre, para o spot de sempre... As nuvens ajudaram (desapareceram todas) e o frio fez uma visita (o termómetro bateu os 6ºC). A Lua quis marcar presença, mas isso não impediu os 3 Caçadores de Estrelas de prosseguir a sua missão.

(Estou muito poético... não se preocupem, isto passa...)

Após observar a Lua, fazer uma visita a Júpiter com 3 das suas Luas visíveis, e antes de Orion nascer, fomos à caça do Cometa. Sabíamos que ele estaria entre Algol e Capella, mais próximo de Capella. Era preciso paciência e persistência. Após varrer o Céu e detectar uma mancha difusa que não era suposto estar lá, a máquina fotográfica fez o seu trabalho e captou o nosso alvo. Vejam-no a seguir, azul esverdeado, ao centro...
Festa na Freita!

Passámos, depois, algum tempo a observar outros corpos. Tive a curiosidade de apontar o telescópio à acabadinha de nascer Betelgeuse. Tão vermelha...
Observámos Andrómeda, Albireo (linda demais!), as Plêiades, 7 Tau, mas o melhor estava para vir, com a M42. A Grande Nebulosa de Orion no seu esplendor. Observada já é fantástica, mas em foto é do melhor que pode haver... Ora vejam como tenho razão:

Eram já horas de vir embora... 
Em breve terá de haver outra sessão, para dar continuidade a este sucesso.

Como sempre, os créditos das fotos em cima, vão para o Bruno Novo.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

HISTÓRIA DA ASTRONOMIA - de Kepler a Galileu

Com o seu trabalho, Kepler abriu as portas a uma nova era na Física dos Astros.
Para poder argumentar devidamente, juntando observações a factos, Kepler passou 8 anos a escrever o Astronomia Nova, que publicou em 1609, onde explanava exaustivamente o estudo e as suas conclusões, de tal forma que, a dada altura, escreveu:
"Se este fastidioso método de cálculo o aborrecer, tenha piedade de mim, que fui obrigado a repeti-lo pelo menos setenta vezes."
Contudo, a sua obra não foi bem recebida e algumas questões incomodavam a sociedade e os clérigos da época, sempre renitentes e tudo o que fosse contra a doutrina vigente, de tal forma que o clérigo e astrónomo David Fabricius escreveu uma carta a Kepler, onde dizia:
"Com a vossa elipse abolistes a circularidade e a uniformidade dos movimentos, o que me parece um absurdo tanto maior quanto mais profundamente penso nele. Seria muito melhor se ao menos pudésseis preservar a órbita circular perfeita, e justificar a vossa órbita elíptica com outro pequeno epiciclo."
Outra vez os epiciclos???
Com o insucesso do Astronomia Nova, Kepler desanimou e trabalhou em outras áreas até ser confrontado com a invenção do telescópio. E com ele, surgia no panorama Galileu Galilei, que, com as suas observações, provaria que Aristarco, Copérnico e Kepler estavam certos.

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Recomendo a procura do Cometa 103P/Hartley, o Cometa mais brilhante de 2010. Estará visível em Céus escuros durante o mês de Outubro. 
Se alguém estiver interessado em procurá-lo, diga-me e eu informo acerca da sua trajectória.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

HISTÓRIA DA ASTRONOMIA - os erros de Copérnico

Guilherme de Occam era um revolucionário filósofo inglês, que tinha algumas ideias radicais. Contudo, a mais conhecida acabou por ser a mais simples. Em Latim, escreveu "pluralitas non est ponenda sine necessitate", que quer dizer "a pluralidade não deve ser considerada sem necessidade". Occam ficou famoso pela sua máxima científica, a Navalha de Occam, segundo a qual a teoria mais simples é muito provavelmente a mais correcta.
Ora, isto favorecia Copérnico, mas foram precisas muitas provas físicas para a sua teoria vingar.
E essas provas só surgiram com Johannes Kepler e Tycho Brahé. Mas ao mesmo tempo que surgem provas palpáveis, vai desaparecendo parte da magia desta história bela, que é a do pensamento humano relativamente ao que o rodeia. Passou a ser menos Sonho e mais Física.
E Kepler presumiu, correctamente, que a base da teoria de Copérnico estava imprecisa nos seguintes pontos:

  1. Os planetas descrevem círculos perfeitos;
  2. Os planetas movem-se a velocidades constantes;
  3. O Sol está no centro dessas órbitas;

E provou que:
  1. Os planetas descrevem elipses;
  2. A sua velocidade varia constantemente;
  3. O Sol não está exactamente no centro das suas órbitas.
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Ontem fui ver os U2.
Que é que isto tem a ver com Astronomia? Nada. Mas no Céu, no meio daquele concerto soberbo, brilhava o Rei Júpiter, esporadicamente a brilhante Fomalhaut e Capella... Também as Estrelas tinham de estar presentes numa noite assim.