segunda-feira, 11 de maio de 2009

UMA NOITE GLORIOSA

Finalmente uma noite de observação em condições. Foi de Sexta para Sábado, que nos 2 dias seguintes as nuvens não deixaram.
2h da manhã
Um Ponto de Luz estava à esquerda da Lua, que irradiava um brilho espectacular por todo o céu, mas que eliminava as Estrelas nas suas redondezas.

Deve ser Antares. Pela hora...

Procurei o resto da constelação mas não vi. Continuei à procura e pensei que não valia a pena insistir.

2h15
- Carlos, qual é aquela Estrela brilhante ali em cima?
- É Arturo, vê-se pelo brilho. Aqui atrás tem de estar a Ursa Maior e ali à frente atrás do prédio tem de estar Spica. "Dobre-se até Arturo e corra até Spica."

Cabeça para cima, Ursa lá no alto. Espreitadela para Sul, atrás do prédio, Spica sozinha.

- Virgem é uma constelação de Estrelas débeis. Só se vê Spica...

4h45
Com o cão pela trela, olho para o céu. A deslumbrante simplicidade do Triângulo de Verão faz-me companhia e procuro mais amigos... Eis Júpiter!

És tão grandioso...

Colo a olhar. Espreito a Lua, já brilha menos.

Era Antares!

Agora vejo o Escorpião por inteiro e tenho a prova!
"This is Spartaaa!"
- Se calhar era o Ponto de Luz que eu vi!
- Não, Antares é vermelha, não brilha assim... Viste Júpiter!
"This is Spartaaa!"
- O expert és tu... :)

Mudei para uma conversa menos astronómica e sorri. Não sou expert, apenas faço por compreender as Estrelas... Estou tão longe de o ser! Nunca o serei! Quanto mais se sabe sobre o Espaço, mais se tem a noção do que não se sabe...

5h10
Outro cão.

Que Estrelas são aquelas?

Tão pouco brilhantes, semi-escondidas pelas nuvens... Aí fui eu a pensar e a olhar para elas...

Será possível que eu não vos conheça? Tenho de conhecer...

Continuei a pensar até que me senti estúpido. Como é que eu não reconheci Cassiopeia à primeira? Não vi Ruchbah, o joelho. Caph, Schedar, Segin e Delta Cas estavam lá, faltava a outra. As nuvens traíram-me, mas por pouco tempo.

Andrómeda, Perseu, e outras mais estarão para chegar...

sexta-feira, 8 de maio de 2009

O VERÃO ESTÁ A CHEGAR

Apesar das noites não estarem ainda a ser típicas noites de Verão, os indícios de ele estar a chegar começam a ver-se.

Aqui há tempos, numa conversa, eu disse que tinha um péssimo sentido de orientação pelas estradas, mas se olhasse para o céu e ele estivesse limpo saberia sempre em que direcção caminhar e em que altura do ano estava. Claro que se riram de mim, não sei se de gozo ou de espanto, mas o que eu disse é verdade.

Ontem à noite ia a passar junto ao Centro Multimeios de Espinho (aquele sítio é tão bom, que até junto dele se têm visões maravilhosas), e olhei para Este. Visão maravilhosa, todo o Triângulo de Verão ali, imponente, a olhar para mim. Disponível para quem quisesse olhar para Ele. À espera de quem quisesse olhar para Ele.
Vega, a primeira Estrela a aparecer no fim do Inverno. Deneb, um pouquinho mais a Norte. E Altair, a teimosa que demora sempre mais que as outras, mas que nem por isso respeito menos.

Olhei para o relógio. Marcava 1h24 da madrugada. Fiquei contente porque já consigo ver uma das mais belas figuras do céu nocturno no seu esplendor (quase) todas as noites, mas triste porque perco aquela magia de procurar, até há umas semanas Deneb, e nos últimos tempos Altair, quando venho passear os cães mais tarde que o normal.

Mas vi que o Verão está a chegar, e isso é bom.

Ao contrário do que se costuma fazer, olhar para o calendário e procurar as Estrelas consoante o que ele nos diz, proponho que se olhe para as Estrelas e se saiba o que se vai ver posteriormente no calendário...

quinta-feira, 7 de maio de 2009

OPACO

Foi assim que me senti ontem. Opaco.
Senti que tudo em mim era opaco. Não devo ter sido muito boa companhia a quem teve de me aturar ontem à noite. Será possível que o meu estado de espírito à noite esteja relacionado com o céu nocturno?
Não quero acreditar que a minha ligação ao Espaço seja tão grande assim, mas o que é certo é que o céu ontem estava... opaco. Ao fim da tarde vi a Lua aumentar o seu brilho à medida que a noite caía, e pensei que seria mais uma noite gloriosa em que iria olhar para Oeste e veria Orion a ir dormir, e que iria olhar para Este e Vega já lá estava à minha espera a mostrar um vértice do Triângulo de Verão! Mas não... Saio de casa para tomar café e, como de costume, olho para cima. Como estava o céu? Opaco. Faltou algo em mim. Perdi alegria. A que me restava.
E o resto da noite foi um bocado estúpida, até o meu Pilar se assumir como tal.

terça-feira, 5 de maio de 2009

UM NOVO RUMO

Hoje olhei para as Estrelas e dei por mim a pensar neste blogue. Criei-o para quê? Para ser mais um repositório de informação a juntar aos muitos que há na net? Com certeza que não. O objectivo inicial era eu transpôr para aqui os meus pensamentos, ideias e sentimentos, relacionados com algo que faço diariamente: as minhas observações do Cosmos.

Por isso, decidi tomar um novo rumo. Nada me impedirá de fazer aqui as descrições que tenho feito dos nossos eternos companheiros Astros, mas sem regras. Afinal de contas, este espaço é meu e sou eu que mando aqui! Haja alguma coisa na minha vida em que eu tenha mão...

Há horas em que é bom ter fome. Aconteceu-me isso durante mais um episódio do Dr. House, mas só quando acabou me levantei para comer. Apeteceu-me pão fresco, e aí fui eu à padaria. À ida para lá nada me despertou especialmente a atenção, mas à vinda para cá reparei na Lua a Oeste. Estava sozinha... E pensei como ela é errante, nunca estando perto das mesmas Estrelas todos os dias. Ainda há 2 ou 3 dias estava com Castor e Pollux junto dela, os 2 Gémeos ali pertinho! Hoje já nem os vi, já estavam muito em baixo no horizonte... Vai daí, nem valeu a pena procurar Capella. A minha Capella...


Tem um brilho tão bonito, tão especial... por mais que goste de algumas Estrelas, só Sírio me fascina como Capella. Por mais mórbido ou macabro que possa parecer, não há dia em que não olhe para Capella e não pense "É para lá que quero ir quando morrer...". Quero estar lá, eternamente a zelar por quem eu amo e por quem me ama. Sempre próxima da inseparável Menkalinan, Capella brilha quase todas as noites ao longo do ano. Por estúpido que possa parecer, gosto mais de a ver a Este, quando vem anunciar o Inverno. Não pelo Inverno, eu sei, mas também não sei por que gosto mais dela aí! Talvez por ser bom vê-la aparecer ao início da noite, quando já sinto saudades da sua companhia.

quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

URANO

Urano é um dos grandes planetas exteriores do Sistema Solar.

Dista 19,19 UA do Sol, sensivelmente o dobro de Saturno, sendo que este é o seu vizinho interior mais próximo. O seu período de translação é superior a 84 anos, o que mostra bem a enorme elipse da sua órbita em torno do Sol.

A inclinação da sua órbita relativamente à eclíptica é a segunda menor do Sistema Solar, logo a seguir à Terra, com 0,8º e completa uma rotação (no sentido inverso à da Terra) em 17h14m.

Fotografia tirada pela Voyager 2

O seu raio é de 25559km e a sua massa é superior 14,54 vezes à da Terra. A gravidade em Urano tem a força de 1,17G, 17% superior à gravidade na Terra.
Urano tem 27 luas, objecto do próximo post.

Existe um sistema de 11 aneis em torno de si, com 9 deles já identificados.


Urano e seus anéis, com os satélites Miranda (em cima no centro) e Ariel (em baixo à esquerda) - imagem captada na faixa do espectro infra-vermelho pelo telescópio Subaru, no Japão

Urano foi o primeiro planeta descoberto nos tempos modernos, com o uso de um telescópio. William Herschel descobriu Urano em 13 de Março de 1781. Urano já tinha sido observado inúmeras vezes antes de ser descoberto, mas sempre foi confundido com uma simples estrela, de tal forma que segundo o catálogo de Flamsteed, foi denominado 34Tauri (a 34ª estrela de Touro). No futuro falarei deste catálogo.

Urano tem uma atmosfera etremamente homogénea, sem qualquer espécie de contrastes, mas com ventos até 700Km/h. A sua cor azul-esverdeada resulta da elevada presença de metano, que absorve a cor vermelha da luz incidente e emite a verde-azulada. É, também, composta por amónia e água, na grande maioria sob a forma de gelo. Apesar de a força da luz solar que chega a Urano ser extremamente fraca, a pressão interna é grande, e isso faz aumentar a temperatura do planeta, impedindo os gelos de solidificarem, que assim ficam a envolver o núcleo, numa camada viscosa.

Apenas a Voyager 2 visitou Urano, em Janeiro de 1986, e fotografou nuvens abaixo da camada superior da atmosfera. O seu campo magnético está inclinado cerca de 60º em relação ao eixo de rotação do planeta.

A maioria dos planetas giram em torno do seu eixo, que forma um ângulo quase perpendicular ao plano da eclíptica mas, no caso de Urano, o seu eixo é quase paralelo a esse plano, talvez devido à colisão com um corpo de grandes dimensões, aquando da sua formação. Este posicionamento faz com que os pólos recebam mais energia solar que o equador, contudo, são mais frios, não se sabe porquê.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

CHARLES DARWIN


É hoje assinalado o bicentenário do nascimento de Charles Darwin.
A sua teoria evolucionista, pelo alcance extremamente actual, teve repercussões na forma como nos dias de hoje se debatem e investigam questões relacionadas com a sobrevivência da espécie humana.


2009 não é só o Ano Internacional da Astronomia. Assinala, também, os 400 anos do uso do telescópio e os 200 anos do nascimento do maior naturalista e biólogo de todos os tempos.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

ANO INTERNACIONAL DA ASTRONOMIA 2009

Interrompo mais uma vez a sequência a que me tinha proposto...
Desta vez, queria informar que este ano é o Ano Internacional da Astronomia, escolhido por fazer 400 anos que Galileu usou pela primeira vez um telescópio. Foi graças a isso que ele descobriu coisas tão básicas como:
  • A Lua tem crateras
  • Vénus tem fases
  • Júpiter tem luas
  • Saturno tem anéis

Este ano vão haver uma série de eventos relacionados com a Astronomia, a que qualquer pessoa pode ter acesso.

Hoje e amanhã vou estar presente na conferência Astronomia e Ciências Espaciais 2009, no Centro Multimeios de Espinho.

Quem estiver interessado, pode consultar os seguintes sites:

http://www.astronomy2009.org/ (site internacional)

http://www.astronomia2009.org/ (site Português)

Aqui tem toda a informação sobre este ano especial a quem se interessa pela Astronomia.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

SATURNO (luas)

Saturno tem 60 satélites confirmados, alguns deles de grande dimensão, e podemos dividi-los em 2 grandes categorias: os regulares (órbitas quase circulares e pouco inclinadas relativamente ao plano do equador) e os irregulares (órbitas mais elípticas e grande inclinação orbital).
Os regulares são Mimas, Encelado, Tébis, Pleione, Réia e Titã.
Os irregulares são Hipérion, Jápeto e Febe.
Todos os outros são pequenos, não esféricos e gelados, classificação atribuída por terem um índice de reflexão muito próximo do do gelo e densidade semelhante à da água. Reflectem cerca de 60% a 90% da luz solar.

Imagem figurada de Titã, com Saturno em fundo

Entre todos eles, destaca-se Titã, durante muito tempo considerado a maior lua do Sistema Solar, mas verificou-se que isso só acontecia porque tinha uma camada de nuvens muito densa e opaca debaixo da sua atmosfera quase tão transparente como a nossa, que fazia com que o planeta parecesse maior. O seu diâmetro aparentava ser 5400km, mas é, efectivamente, 5140km. Tem um conjunto de compostos químicos que, segundo Carl Sagan (a maior e melhor comunicador e divulgador da Ciência, na minha opinião), poderão originar vida. Microscópica, é certo, mas mesmo assim, Vida! São esses compostos Nitrogénio, Árgon, Metano, Hidrogênio, Etano, Propano, Acetileno, Etileno, Cianureto Diacetileno e Metacetileno. A excentricidade de Titã é enorme, o que faz com que entre e saia da influência do campo magnético de Saturno (magnetosfera) com frequência, o que provoca constantes alterações nos compostos da sua atmosfera e muitos fenómenos atmosféricos, ainda mal explicados.




Imagem real de Titã, cortado pelos aneis de Saturno vistos de perfil e com o satélite Prometeu a ser aquele pequeno ponto visível à esquerda


Outro satélite a merecer algum destaque é Febe, a lua retrógrada. Encontra-se a 12 952 000 km de Saturno. Não mereceu grande estudo até a sonda Cassini mostrar que orbita no sentido inverso de Saturno, ou seja, vê Saturno nascer a Oeste e pôr-se a Este. A sonda Voyager 2 mostrou que Febe tem cerca de 220km de diâmetro e cor avermelhada, por isso, pensa-se que poderá ter sido um asteróide.



Imagem real de Febe

Destaco ainda Jápeto, por ser o satélite com maior variação de albedo (brilho) do Sistema Solar, pois um dos lados reflecte muita luz solar e outro praticamente nenhuma, talvez devido à composição química da sua superfície. Jápeto tem uma estranha cordilheira central, que o divide a meio...

A estranha forma de Jápeto, onde se pode ter uma noção da cordilheira, no equador (em cima)
e uma imagem ao pormenor da cordilheira central (em baixo)
Ambas as imagens são reais.

sábado, 10 de janeiro de 2009

PÔR-DO-SOL EM MARTE

Vou interromper a sequência a que me tinha proposto, de falar de cada planeta do Sistema Solar e de seguida das suas luas, para colocar esta foto maravilhosa do pôr-do-Sol em Marte.
O Sol está a pôr-se atrás da cratera Gusev, a 80km de distância, e é visível num tamanho de cerca de 66% em relação ao que é visível da Terra.
A imagem foi apenas ligeiramente tratada, sendo que apenas o ar teria um tom mais avermelhado devido às partículas presentes na atmosfera marciana, mas que direccionam a luz azul na direcção ilustrada pela foto.
A imagem de paz e tranquilidade é quase comovente. Já vi incontáveis fotografias relacionadas com Astronomia, mas esta é tão simples e tão tocante...
Temos de agradecer à Spirit por esta pérola fotográfica, conseguida em 19 de Maio de 2005.

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

SATURNO

Confesso que Saturno é um planeta que me fascina. E posso dizer isso porque este blogue não pretende ser só o repositório daquilo que vou aprendendo ao longo da minha vida, mas sim o espaço onde me permito opinar sobre esses factos...
E Saturno tem um especial mistério, apesar de ser igual a tantos outros pontinhos iluminados no céu nocturno, quando visto a olho nu.

Saturno é o segundo maior planeta do Sistema Solar, um gigante adornado com milhares de partículas geladas que giram em torno dele, formando anéis, autênticas pedras preciosas num espaço dominado pelo vácuo e pelo negro.
Situa-se a 8,55 U.A. da Terra. Uma órbita em torno do Sol demora 29,46 anos! A seguir a Vénus, é o planeta mais inclinado no seu eixo de rotação, em torno de si mesmo, portanto. O seu raio é de mais de 60250km (cerca de 10 vezes superior à Terra) e é 95,14 vezes mais pesado que o nosso planeta. Tal como Júpiter, tem uma rotação extremamente rápida, demorando menos de 11 horas a dar uma volta sobre si mesmo. Tem 56 luas conhecidas, de que falarei um pouco no próximo post.

Imagem real de Saturno, com o Sol em eclipse. A Terra é um ponto azul minúsculo, visível no lado esquerdo, junto ao primeiro anel mais separado.

A gravidade na superfície de Saturno é de 1,16G, e a temperatura média à sua superfície é -80ºC. É composto por Hidrogénio e Hélio, tal como Júpiter, e as semelhanças não se ficam por aqui. As zonas escuras correspondem a zonas com gás a baixas pressões que afundam, e zonas brilhantes com gás a altas pressões que ascende. Há, também, tempestades ovais, mas com menor intensidade que Júpiter. A coloração pálida de Saturno deve-se a uma camada de metano presente na atmosfera exterior do planeta, que obscurece as nuvens interiores.

Imagem figurada de Saturno, onde se vê claramente a Divisão de Cassini.


O sistema de anéis é o mais visível do Sistema Solar. São partículas a temperaturas muito baixas, que podem variar desde tamanhos muito pequenos a vários quilómetros de diâmetro, cada qual com uma órbita independente. A faixa escura que se vê é a Divisão de Cassini, descoberta pelo Italiano Giovanni Domenico Cassini, no séc XVII.