sábado, 13 de novembro de 2010

HISTÓRIA DA ASTRONOMIA - o eco do Big Bang

Neste ponto, já estamos em pleno século XX, com as inovações tecnológicas a sucederem-se em catadupa, e com isso a originar sucessivas alterações nas formas de pensar dos vários cientistas.
Um dos que o fez foi Einstein. Mudou de opinião e passou a apoiar o modelo do Big Bang, ao contrário de vários outros cientistas, que continuaram a dizer que o Universo era estático e eterno. Por exemplo, um facto que os apoiantes do modelo do Big Bang não conseguiam explicar era a juventude do "seu" Universo, quando comparado com a idade das Estrelas, mas isso só seria explicado na segunda metade do século.

O debate cosmológico continuava no meio científico, e várias vertentes foram sendo abordadas.
Uma das quais baseava-se no estudo da Física Atómica, na determinação da quantidade dos elementos no Universo, no seu processo de formação, e várias descobertas foram sendo feitas. Por exemplo:
Desvendou-se a estrutura atómica, com electrões, protões e neutrões;
Determinou-se a origem da energia solar, por fusão de dois núcleos pequenos;
Descobriu-se que o Universo actual é constituído por cerca de 90% de Hidrogénio e 9% de Hélio...

Por um lado, esta composição do Universo era compatível com o modelo do Big Bang, mas por outro lado o Big Bang não explicava a formação de átomos mais pesados que o Hélio. Vivia-se uma época em que a força da especulação era maior que a força dos factos, e a eterna relutância do Homem em aceitar a mudança forçou um conjunto de cientistas (Hoyle, Gold e Bondi) a criar o Modelo do Estado Estacionário.

O que dizia este modelo? Basicamente, que embora o Universo se encontre em expansão (facto que Hubble provou), é criada nova matéria nos espaços que se abrem entre as Galáxias que se afastam. Ou seja, o argumento é algo como:
"O Universo evolui, mas está inalterado! Logo, é e sempre será infinito!"
E assim se satisfazia a necessidade de não mudança do Homem, conjugada com a prova irrefutável que Edwin Hubble tratou de arranjar, com os desvios para o vermelho na análise ao espectro das Galáxias.

Por esta altura, outros três nomes mostraram que nem todos os Homens pensam da mesma forma.
Gamow, Alpher e Herman previram que o Big Bang teria emitido um eco luminoso quando o Universo tinha 300 mil anos, possivelmente ainda detectável. Na altura, ninguém procurou esse eco, mas hoje sabemos que ele existe.
Chamamos-lhe Radiação Cósmica de Fundo, e possivelmente, nem que tenha sido só num documentário ou na leitura de um qualquer artigo científico, muitos já ouviram o seu nome...

3 comentários:

Rambanão disse...

Muito bom este post, embora devesse fazer um reparo, que é na constituição do Universo onde é essencialmente constituído por hidrogénio, essa é a percentagem do hidrogénio na matéria bariónica, ou seja, atomos, por a constituição mais geral do Universo aponta para a existência de 2 tipos de componentes, Energia Escura (70%), Matéria (bariónica/bariónica escura/ não bariónica escura)(30%) e radiação, apróximadamente (~0%).

Seria engraçado também ver aqui a história da descoberta da Radiação Cósmica de fundo, em particular o que os dois cientistas fizeram no Horn Antenna, é das histórias mais engraçadas da Física!

Carlos Capela disse...

Peço desculpa pela demora em responder.

Agradeço o elogio, e agradeço ainda mais o reparo! Não sou um expert na matéria, pelo que gosto de aprender com quem sabe.

O próximo post fica, então, reservado para a história da descoberta da Radiação Cósmica de Fundo.
Vou tentar tratar disso logo à noite.

Carlos Capela disse...

Ontem não deu... fica para hoje!