quinta-feira, 24 de setembro de 2009

CHEGOU O OUTONO

Falei do equinócio, no outro post, por 2 motivos principais.

Primeiro, porque ele aconteceu dia 22 na Terra, às 22h19 mais precisamente. A essa hora, o Sol incidiu directamente sobre o Equador e deu entrada o Outono no hemisfério Norte.

Segundo, porque no passado mês de Agosto ocorreu o equinócio em Saturno. A luz do Sol incidiu na borda dos anéis de Saturno e provocou o mágico efeito visual de os tornar invisíveis por momentos. Deve ter sido um momento espectacular...

Uma das coisas fascinantes que o equinócio de Saturno nos traz, é uma nova perspectiva sobre a composição dos anéis e do próprio planeta, pois agora o Sol incide mais sobre o seu "outro" hemisfério. Mas neste post vou apenas publicar algumas fotos de particularidades entretanto descobertas pela venerável Cassini, que continua a fazer o seu trabalho de uma forma exemplar...

Na imagem seguinte vemos um relevo nos anéis de Saturno, apenas visível durante o equinócio. Tem 200m de altura, 130km de comprimento e a sombra estende-se por 350km.

A seguir temos uma perspectiva dos relevos do que se pensava ser plano...

E por hoje fico por aqui... :)

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

BEM VINDO, CAÇADOR!

Orion, o caçador, está de volta aos nossos céus nocturnos após uma ausência estival. É certo que só aparece quando são horas de deitar, mas para um verdadeiro amante da Astronomia não há horas tardias.
Este post é muito curto, só quero felicitar o regresso não DE UMA constelação, mas DA constelação mais bela e imponente de todas...

terça-feira, 1 de setembro de 2009

O QUE É O EQUINÓCIO?

O equinócio (sempre adorei esta palavra, a par de solstício) é definido pelo momento em que o Sol, na sua órbita aparente, cruza o plano do Equador Celeste. É o ponto onde a eclíptica cruza o Equador Celeste. Mas o que é a órbita aparente e o Equador Celeste?

A órbita aparente é a órbita como vista da Terra. Quem orbita é a Terra, em torno do Sol, mas aos nossos olhos é o Sol que se move. Essa é a órbita aparente.

Equador Celeste é a linha do equador projectada na esfera celeste, uma esfera imaginária que nos envolve. Como o planeta roda com inclinação, o equador terrestre e o equador celeste não coincidem.

Voltando ao equinócio... é uma palavra originária do Latim, que significa noites iguais. Considerando a alvorada o instante em que metade do disco solar está acima do horizonte e o ocaso o instante em que metade do círculo solar está abaixo do horizonte, no equinócio o intervalo de tempo entre estes 2 instantes será exactamente 12 horas.

Iluminação da Terra pelo Sol no momento do equinócio

São os equinócios que definem as mudanças de estação.

A órbita da Terra não é um círculo, mas sim uma elipse. Graças a isso, os equinócios não dividem as estações em igual número de dias. A Terra move-se mais rápido quando está mais próxima do Sol (periélio) e mais lentamente quando está mais afastada (afélio). Esta é uma das Leis de Kepler, de que poderei falar noutro tópico.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

OBS. TROFA - AS CORES DAS ESTRELAS

Decididamente, as pessoas que não olham com atenção para o Céu, pensam que as Estrelas são todas brancas. E isso não pode ser mais falso.

Uma vez que o responsável por aquela acção disse no início que pretendia mostrar que as Estrelas não são todas iguais, optei por abordar o assunto em conversa com as pessoas que estavam junto a mim.

Usei 3 Estrelas como exemplo de diferentes cores que podem tomar: Vega, Arcturus e Antares.

Vega é o exemplo de uma Estrela azul-esbranquiçada, Arcturus uma Estrela com um aspecto laranja e Antares uma super-gigante vermelha.
Comparação de Vega com o nosso Sol


Comparação de Arcturus com o nosso Sol

Uma senhora dirigiu-se a mim e perguntou: "Mas as Estrelas não são basicamente fogo?" À minha confirmação, continuou: "Então não deviam ser todas iguais?".

Aí, eu disse que a chama de um isqueiro é mais azul na boca do isqueiro e vai ficando progressivamente mais vermelha/laranja à medida que se afasta. Não é só basicamente fogo, como também é a mesma chama!

E é isso que justifica a cor das Estrelas. As mais azuis são mais quentes que as mais vermelhas.

Região de Escorpião, onde Antares se destaca pelo seu tom vermelho intenso


Se olharmos para o Céu Nocturno com olhos de ver, apercebemo-nos que não só a diferença de cor é óbvia, como até nos perguntamos como foi possível estarmos tanto tempo sem reparar nisso.

É apenas a prova da pouca atenção que prestamos às maravilhas do Universo tão à frente dos nossos olhos.

terça-feira, 18 de agosto de 2009

OBS. TROFA - MIZAR e ALCOR

Outro aspecto que prendeu a atenção de um grupo de pessoas foi o facto de a Estrela Mizar, na Ursa Maior, ser uma Estrela dupla.

Na verdade, é um sistema relativamente complexo.

Mizar e Alcor constituem um binário óptico, pois são aquelas que conseguimos visualizar a olho nu. São até chamadas de "Cavalo e Cavaleiro", pelas suas posições relativas. Estão a uma distância de 3 anos-luz, uma distância de mais de 8000 vezes superior à que nos separa do Sol! E parecem tão perto...
Mas o verdadeiro binário é constituído por Mizar A e Mizar B (uma Estrela bem mais pequena que Mizar A e que gravita em torno dela).

O que mais complica é o facto de Mizar A e Mizar B serem, por si, Estrelas duplas também, que gravitam uma em torno da outra. São binários espectroscópicos, que visualmente são indetectáveis. Só em 1889 se descobriu este tipo de binários estelares.
Nós, na prática, só vemos uma Estrela, Mizar. Mas quem diria que estão ali QUATRO Estrelas... sem contar com Alcor, o cavaleiro!

domingo, 16 de agosto de 2009

OBS. TROFA - JÚPITER

Sim, estive um bocado "fora" aqui do blogue, mas pretendo regressar em força, principalmente agora que me sinto a evoluir no manuseamento do meu telescópio, e que tenho tido mais e melhores oportunidades de trabalhar com ele.

Vou continuar a falar da minha experiência pessoal na Trofa, e depois mudarei para outros temas de que quero falar.

Sem dúvida que o que as pessoas mais gostaram de falar no contacto pessoal comigo foi de Júpiter.
O quê? Aquilo ali é Júpiter? Não é uma Estrela?

É um facto que Júpiter, visto a olho nu, parece uma Estrela muito brilhante, mas tem algumas diferenças que, depois de referidas às pessoas, elas acabam por compreender.

Por exemplo, o facto de não cintilar como as Estrelas, tendo um brilho mais fixo, é algo que facilmente se constata.

Mas mais curioso ainda que o facto de "aquele ponto ser Júpiter", foi a visão das suas 4 Luas visíveis através do meu telescópio.

O que são estes pontinhos à volta? Luas como? Como a nossa?

Na verdade, só se viram 3. Não sei se a minha abordagem foi correcta, mas através do recurso ao Celestia, penso que a que não se viu foi Calisto. Aqui não sei se estou correcto. Na prática os pontinhos são semelhantes, é mais uma questão de saber "o que vi".

Foi bastante engraçado ver uma das Luas surgir do disco de Júpiter (por trás ou pela frente não sei, o brilho do Planeta não permite ver), como se estivesse a nascer da mesma forma que a nossa Lua nasce vista da Terra.

Foi dito às pessoas que estas eram as Luas Galileanas, por serem aquelas que Galileu Galilei observou primeiro, no século XVII. São elas Io, Calisto, Europa e Ganimedes.

Através do telescópio foi possível ver as bandas vermelhas de Júpiter, resultantes da direcção ascendente da movimentação dos gases do Planeta.

domingo, 26 de julho de 2009

OBSERVAÇÃO NA TROFA

Na semana passada estive numa sessão de observação na Trofa, onde um grupo de pessoas ia aproveitar a oportunidade para dar uma olhadela ao Espaço através de telescópios.

À beira dos outros dois telescópios que lá estavam, o meu era bem mais pequeno, mas ficou provado que é perfeito para mim, pois não só ainda há uma infinidade de objectos que quero procurar e observar com ele, como ainda estou aos poucos a aprender algumas coisas básicas no uso e na manutenção de telescópios.
Essa falta de experiência resultou no não atingir alguns objectivos que tinha para essa noite.
Apesar da poluição luminosa (esse cancro da observação) e a previsível nebulosidade (e humidade!!!) não proporcionarem grandes condições, esperava observar algumas nebulosas como a M8 (Nebulosa da Lagoa) e a M57 (Nebulosa do Anel), mas não deu. Fiquei-me por alvos mais modestos, mas maravilhosos.

Achei graça ao facto de algumas pessoas terem pensado que eu devia ser um expert naquilo (estou muito longe disso, pois ainda preciso de ajuda de quem sabe mais que eu), mas fui-me safando com os conhecimentos teóricos que vou adquirindo ao longo do tempo. Soube muito bem partilhar alguns conhecimentos com pessoas que nunca tinham pensado no Céu como algo vivo. Se houver uma só pessoa que tenha estado presente, mesmo que não tenha contactado comigo, que comece a olhar para cima e tente compreender só um bocadinho do que vê, já ficarei contente.

É engraçado recordar que também eu já fiquei surpreendido quando soube que Júpiter tem várias Luas, que as Estrelas estão longe de ser iguais, e que há Estrelas binárias. Revi-me um pouco nessas pessoas e nos olhares de espanto.

Nos próximos 2 ou 3 posts vou falar um pouco de alguns temas que mais prenderam as pessoas que falaram comigo pois, como disse, falhei alguns objectivos que levava para essa noite.

quarta-feira, 22 de julho de 2009

HOMEM NA LUA - 40 anos

Neil Armstrong, Michael Collins e Edwin Aldrin

Não podia deixar de assinalar este facto histórico.

No dia 21 de Julho de 1969, Neil Armstrong proferia a expressão: "A small step for man, a giant leap for mankind.", ao pisar a superfície lunar. Na missão Apollo 11, ia acompanhado de Edwin Buzz Aldrin, o homem que deixou a sua pegada na Lua, e de Michael Collins, que não chegou a sair do Módulo de Comando Columbia, a orbitar a algumas centenas de quilómetros da Lua.
Eram 21h17m40s em Portugal quando o Módulo Lunar Eagle pousou na Lua. Passadas 6h38 foi dado o primeiro passo na superfície do nosso satélite natural. Ficaram na Lua 21h38m antes de voltarem para a Terra.

Mais do que uma conquista científica, este dia marca a conquista de um sonho, a renovação das esperanças da humanidade de conquistar outros mundos, cada vez mais além.

segunda-feira, 20 de julho de 2009

BUSCADOR STAR POINTER

Ainda não testei o meu buscador star pointer.
Para quem não sabe, é um elemento auxiliar para a observação astronómica.
Após alguma pesquisa e consulta a quem sabe, posso dizer em linhas muito leves que é um acessório do telescópio que consiste num pequeno LED (Light Emission Diod). Olhando para uma Estrela brilhante através do telescópio e depois através da "lente" do buscador, sem mover o telescópio, posso afinar o buscador, e assim ver facilitado o meu trabalho de varrer o Céu à procura dos meus alvos de observação.
O mecanismo é bastante curioso, pois deve olhar-se pelo buscador com ambos os olhos abertos (um olho através do buscador), que o cérebro tratará de fundir a imagem e "projectar" um ponto vermelho no Céu.
Queria ter feito o teste Sábado à noite, mas não consegui devido às más condições atmosféricas.
Hoje, 2ª feira, vou tentar de novo.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

OS DOIS PONTOS VERMELHOS

Mais uma vez, ontem fiquei a pé até tarde.
Antes de me deitar, fui à janela do meu quarto dar as boas noites a Vénus, que sabia que ia estar lá. Eram para aí 4h30 e já devia estar bem alto, mesmo ali pertinho de Aldebaran.

Mas quando olhei um pouco para cima, vi outro ponto avermelhado e inicialmente fez-me confusão.

Que diabo, o que é aquilo?


Abri a persiana, porque estava a espreitar só pelos buracos. Que se lixe lá o barulho para os vizinhos. A porcaria da poluição luminosa da Avenida 32 não me deixava ver com grande pormenor o que eu queria (a posição da constelação de Touro), para confirmar se aquele ponto seria a Estrela Alnath, mas depois concluí que não podia ser. Alnath não brilha tanto, Touro não estava naquela posição e aquele brilho não era cintilante.
Só podia ser um Planeta...

Só podia ser Marte.

Não sei porquê, pareceu-me especialmente espectacular ontem, ali tão pertinho de Vénus!
O Deus da Guerra com a Deusa do Amor. Um poema escrito no Céu.

Depois imaginei a linha da eclíptica e imaginei-a a apanhar Júpiter (bem) mais à frente.

Tudo faz sentido no Céu, e isso fascina-me. E mesmo assim consegue surpreender-nos com a sua grandeza e a sua beleza sempre que olhamos para Ele. E nunca o fazemos, nunca o faremos, vezes suficientes...