sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

O CATÁLOGO DE MESSIER - M2

Ai, os exames, que me roubam o tempo todo... nem actualizar o blogue consigo! Arranjei um tempinho hoje, para um post rápido acerca da M2.


Localizado na constelação de Aquário, este aglomerado globular foi descoberto por Maraldi em 1746 e redescoberto por Messier em 1760. William Herschel foi o primeiro a resolver M2 em Estrelas individuais.
A 37500 anos-luz de distância e com uma magnitude de 6,5 é um objecto belo e um dos meus objectivos próximos, assim que a oportunidade surgir.
Como exemplo de star hopping para lá chegar, quando Pégaso está bem alto a Sudeste, podemos seguir os seguintes passos:
  1. Encontrar o Grande Quadrado de Pégaso;
  2. Fixar a distância entre Alpheratz e Markab;
  3. Viajar desde Markab para Oeste e um pouco a Sul até encontrar Enif (deverá ser fácil de encontrar pois possui magnitude 2,4);
  4. Em baixo e um pouco a Este estará Sadalmelik (magnitude 3) - Alpha Aquarius;
  5. Em baixo e um pouco a Oeste estará Sadalsuud - Beta Aquarius.
  6. A 3/4 do caminho entre Enif e Sadalsuud estará M2.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

400 ANOS DE EXPLORAÇÃO

Pausa no Catálogo de Messier.

Fez ontem, 7 de Janeiro, exactamente 400 anos que Galileu observou os satélites naturais de Júpiter. Não foi Galileu Galilei que inventou o telescópio (esse foi Johannes Kepler), mas foi ele que o apontou para o Céu e o desenvolveu para observações astronómicas.

As suas primeiras descobertas de relevo foram as 4 maiores luas de Júpiter (Io, Calisto, Europa e Ganimedes), por isso chamadas de Luas Galileanas.
Esta descoberta, à partida tão simples, não foi apenas o acto de ver um planeta ou algo nunca antes visto. Foi a prova cabal que o mundo precisava de uma nova forma de ver a Ciência. Pela primeira vez, teve-se a prova clara que nem tudo girava à volta da Terra, pois havia algo que girava em torno de Júpiter!

A importância desta descoberta está em toda a nossa visão do mundo, da vida e das coisas que hoje consideramos tão banais, como o mero uso de um sistema GPS... pode não parecer, mas esta descoberta foi a base de tudo!

Por isso também, Galileu é considerado o pai da Ciência Moderna.
Se nesse teu cantinho do Céu que ocupas e conquistaste estiveres a ler isto, obrigado por tudo, Mestre Galileu!
Que saudades tinha deste Céu! Carregado de brilho e Paz.

Hoje saí e olhei para cima, sempre como sempre. Vi Paz.

Orion reinava imponente, com os seus dois cães aos seus pés, o Cão Menor e o Cão Maior, em posição para atacar a sua presa. Sírio e Procyon não se escondem nunca e Marte estava fulminante a atingir os meus olhos.

Aldebaran e as inseparáveis Plêiades iam já mais avançadas na sua eterna trajectória. Sorri para elas e sei que elas se sentiram admiradas.

Não havia uma nuvem a atrapalhar, apenas as luzes assassinas da rua a tentar aniquilar a beleza incondicional do Céu.

Tudo tranquilo, tudo em Paz.

sábado, 26 de dezembro de 2009

O CATÁLOGO DE MESSIER - ainda M1

E porque falei um pouco da Nebulosa do Caranguejo no post anterior, continuo neste tema.

Ainda não a observei pessoalmente, mas está claramente nos meus planos procurá-la no céu nocturno.

Pensa-se que o seu nome foi atribuído pela primeira vez por Lorde Rosse ( 1800 - 1867 ), um riquíssimo astrónomo inglês que construiu o maior telescópio do mundo na sua época, localizado no Castelo Birr na Irlanda. Ao detectar a estrutura filamentar da nebulosa em 1844, disse que os filamentos que se estendiam a partir da Nebulosa pareciam as pernas de um caranguejo.

Contudo, a Nebulosa do Caranguejo foi descoberta em 1831 por John Bevis e, mais tarde, foi novamente observada por Charles Messier quando procurava o Cometa Halley, na primeira vez que se previa a sua re-aparição. Ao detectar que não tinha movimento, Messier percebeu que não tinha encontrado o Cometa e decidiu fazer o catálogo de objectos celestes que o celebrizou, para não haver mais confusões futuras, como eu referi no post inicial sobre este tema.

Por isso, este objecto é o primeiro do seu catálogo, M1.

Estudos mais recentes demonstram que esta nebulosa é a remanescente da tremenda explosão de uma estrela, como uma supernova que se tornou visível a olho nu durante o ano de 1054 dC e foi registada por astrónomos chineses. Como eles lhe chamaram, foi uma "Estrela convidada". Foi uma das poucas supernovas visíveis de toda a nossa galáxia!

Foi cerca de 4 vezes mais brilhante que Vénus e, segundo os registos, foi visível à luz do dia durante 23 dias, e durante 653 à noite, a olho nu. Há registos dos Índios Anasazi acerca desta explosão de supernova, a Estrela convidada.




A sua magnitude de 8,4 não torna fácil a sua localização aos astrónomos amadores como tenho a pretensão de me considerar, mas para os experientes não deve ser difícil. Contudo, penso que conseguirei se souber bem a sua localização, junto ao "corno" mais austral da constelação de Touro, próximo da Estrela Zeta Tauri. Mas isso são cenas para os próximos capítulos...

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

O CATÁLOGO DE MESSIER - M1

Estou sem tempo para actualizar o blogue com frequência, mas deixo hoje a imagem do primeiro objecto do Catálogo de Messier.

Eis M1, a Nebulosa do Caranguejo (Crab Nebula).

Primeiro, tal como é vista de um telescópio não muito grande, depois em grande detalhe. Falarei sobre ela um pouco mais à frente.

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

O CATÁLOGO DE MESSIER

Hoje falo do Catálogo de Messier.

Basicamente, é uma listagem de objectos interessantes para serem observados, mas não foi com essa intenção que essa lista foi criada. A intenção do astrónomo francês Charles Messier foi compilar num único catálogo vários objectos difusos que poderiam ser confundidos com cometas, e poderiam, por isso, baralhar as observações feitas por outros astrónomos, porque os instrumentos da altura eram bastante limitados. Segundo o próprio:

"O que me motivou a elaborar o catálogo foi a nebulosa que eu descobri logo acima do "chifre" mais austral da constelação de Taurus (o Touro) em 12 de setembro de 1758, enquanto procurava observar o cometa daquele ano... Esta nebulosa tinha uma tal semelhança a um cometa, em sua forma e brilho, que procurei esforçar-me para achar outras, de modo que os astrónomos não confundissem estas mesmas nebulosas com cometas que estivessem a começar a brilhar. Posteriormente, realizei observações com telescópios refractores apropriados para a busca de cometas, e este é o propósito que tive ao montar o catálogo... "

Certo é que Messier compilou uma lista de 110 objectos difusos entre os anos de 1758 e 1782, com nebulosas, galáxias e aglomerados, que se afiguram como óptimos alvos de observação e estudo por parte de astrónomos amadores e profissionais.
Aqui está uma imagem dos objectos que fazem parte dos 110 listados por Messier.


Nos próximos posts vou falar um pouco da lista e dos dados que ela fornece, bem como de algumas suas particularidades.

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

AINDA O EQUINÓCIO

Hoje volto ao equinócio de Saturno, para colocar um vídeo muito explicativo e informativo sobre o assunto...

terça-feira, 24 de novembro de 2009

CAMINHADA ASTRONÓMICA - NEBULOSA DO ANEL

Naquela noite, é verdade que obtive algumas vitórias nas minhas observações, mas a maior delas todas foi descobrir a Nebulosa do Anel, M57 do catálogo de Messier.

Não a observei com pormenor, não a estudei, não analisei as suas características... a minha vitória foi encontrá-la! Foi o objecto com menor magnitude visual aparente (9,0) que já procurei e observei. E consegui-o sem star pointer, apenas sabendo a sua localização, conseguindo distingui-la das Estrelas.
Para tal, utilizei a técnica do star hopping. Depois de apontar a Vega, tinha de encontrar aquela espécie de quadrilátero que caracteriza a constelação da Lira. Depois de ver as 2 Estrelas mais próximas de Vega, tinha de procurar as outras duas, Gamma e Beta Lirae. M57 estaria entre elas.


Assim fiz. Procurei e passado pouco tempo consegui encontrar algo diferente, que não me parecia uma Estrela pois tinha um aspecto mais difuso. O varrimento teve de ser lento, senão o risco de não apanhar a Nebulosa do Anel seria enorme. Foquei e desfoquei o telescópio, notei os efeitos nas Estrelas, mas não naquele ponto que só depois vim a confirmar que era o meu alvo.

Esta foto em cima é bastante semelhante à imagem que vi, com a ligeira diferença de ter visto M57 ainda mais pequeno, o que tornou a minha vitória ainda maior. Por conhecimento de localização e sentido de orientação achei algo tão difícil para um observador inexperiente, e sem ajudas técnicas.

Em traços muito gerais, esta nebulosa planetária é o resultado da morte de uma Estrela que ficou sem hidrogénio como combustível, e atinge um novo equilíbrio que lhe permite continuar a arder. A cor azul-verde resulta da ionização do oxigénio e a cor avermelhada resulta da emissão de hidrogénio e da ionização do nitrogénio.

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

CAMINHADA ASTRONÓMICA - NEBULOSA DE ORION

M42 é o nome "para os amigos" da Nebulosa de Orion.
Situada junto da espada do caçador, a Grande Nebulosa de Orion, como também é conhecida, é um dos objectos mais fotografados do céu.

Esperei até cerca das 4h30 para poder observar esta maravilha do céu nocturno com o meu telescópio. Orion nasceu pouco antes e eu reservava a esperança de ainda poder vê-la!
A olho nu é possível ver uma mancha difusa, mas isso só é possível se soubermos exactamente para onde olhar, em noites sem Lua.

É fantástico pensarmos que estamos a olhar para um berçário estelar, onde as Estrelas estão a nascer, e que está a cerca de 1350 anos-luz de nós. Foram lá detectados discos protoplanetários, anãs castanhas, entre outros aspectos curiosos, o que faz da Nebulosa de Orion um alvo de estudo muito apetecível.

M42 alberga em si um enxame aberto visível, o Trapézio, composto por Estrelas jovens, bem como é o local onde mora a Nebulosa Cabeça de Cavalo e a Nebulosa da Chama.

É possível que de lá tenham saído Estrelas que actualmente estão na constelação de Auriga, Pomba e Carneiro, e se afastam da Nebulosa de Orion a velocidades superiores a 100km/s!

terça-feira, 17 de novembro de 2009

CAMINHADA ASTRONÓMICA - NEBULOSA DO VÉU

Ando com pouco tempo para actualizar o blogue e detesto não o ter actualizado.

Hoje o post é curto, e fica a promessa de nova actualização muito em breve.

Deixo uma imagem da Nebulosa do Véu. Não a vi do meu telescópio, mas não é por isso que deixa de ser deslumbrante.

A Nebulosa do Véu está localizada na constelação de Cisne e é o que resta da explosão de uma supernova, ocorrida a 5000 a 8000 anos, a uma distância de cerca de 1400 a 2600 anos-luz.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

M31 - STAR HOPPING

A saber: há Andrómeda constelação e Andrómeda galáxia. A galáxia (também conhecida por M31) fica situada na constelação de Andrómeda.

Começo por dizer que não é fácil encontrar a constelação de Andrómeda se não tivermos um mínimo de experiência de observação do céu nocturno.

Há duas formas mas fáceis de lá chegar: encontrando primeiro Pégaso ou Cassiopeia. Pode ser bom procurar Cassiopeia nos céus a Norte (o "W" na figura de baixo, no topo da imagem) para termos uma noção mais exacta da região onde nos encontramos... Mas hoje só quero dar uma noção do que é o star hopping, por isso vou concentrar-me nisso.
Eu prefiro partir de Pégaso, mais propriamente do Grande Quadrado de Pégaso.
  1. O vértice do quadrado mais próximo de Cassiopeia é a Estrela Alpheratz, que na verdade, embora pertença ao Quadrado de Pégaso, é a Estrela mais brilhante de Andrómeda (Alfa Andromedae).
  2. Na direcção de Cassiopeia vai ser possível distinguir uma fila de Estrelas, em que Mirach é a segunda, e Almach (ou Almaak) é a terceira. Isto considerando que estamos numa cidade, porque numa zona completamente escura vão aparecer-nos mais Estrelas.
  3. Saltamos para Mirach. Na direcção de Schedar, em Cassiopeia, temos uma Estrela em linha com Mirach.
  4. A partir dessa Estrela, vamos ter outra relativamente próxima (no Verão, vai estar a Este, em cima e à esquerda...)
  5. A galáxia Andrómeda vai estar ali bem pertinho, e em noites muito escuras temos um vislumbre da nossa galáxia vizinha a olho nu!

Vamos imaginar que ainda estamos no ponto 3 que referi em cima, na Estrela que está em linha com Mirach. Podemos considerar que essa Estrela é o ponto médio entre Mirach e o nosso alvo, a M31.

Alguém consegue ver, na figura em baixo, onde está Mirach e M31?