sexta-feira, 29 de abril de 2016

EXOMARS - Outras questões

No seguimento dos meus últimos posts sobre a ExoMars (recomendo uma pesquisa breve sobre as últimas semanas aqui neste blogue), deixo hoje mais alguns dados sobre esta missão.

Esta missão, originalmente planeada em 2001, é liderada pela ESA, mas conta com contribuições da Roscosmos (a agência espacial Russa) e da NASA. 

O programa da ExoMars marca uma nova era na exploração de Marte. O espectrómetro da Mars Express (Planetary Fourier Spectrometer - PFS) foi o primeiro a descobrir metano no planeta vermelho, mas fê-lo nos seus limites de detetabilidade, o que fez com que os seus resultados fossem pouco consensuais. O TGO (Trace Gas Orbiter) da ExoMars tem uma capacidade de deteção 3 ordens de magnitude superior às medidas anteriores, o que faz com que possamos efetivamente ter certezas e obter respostas relacionadas com o que for medido desta vez. Será, igualmente, possível, detetar outras partículas na atmosfera marciana que não tenham ainda sido detetadas.
A missão MAVEN, da NASA, poderá complementar esta informação e permitir uma análise mais detalhada de Marte, uma vez que se concentra no estudo da sua atmosfera superior.
A cooperação entre as missões Mars Express e ExoMars será limitada apenas ao objeto do estudo e observação, mas não trabalharão em conjunto.

O custo previsto desta missão (2016 + 2018) é de 1.3 biliões de euros. Pode parecer muito, e é, mas o estudo de outros planetas pode trazer-nos benefícios incalculáveis. Recordo que, por exemplo, foi o estudo da atmosfera de Vénus que nos permitiu compreender em mais profundidade o efeito de estufa que sentimos aqui na Terra.

O TGO irá operar numa órbita elítica de periodicidade de 4 dias, com o ponto mais próximo da superfície (perigeu) de 250 km e o apogeu (o ponto mais afastado) de 100 000 km. Este tipo de órbita permitirá o estudo completo e detalhado da globalidade do planeta.

O módulo Schiaparelli, que irá descer à superfície de Marte, irá demorar apenas 6 minutos desde o ponto de entrada na atmosfera, a cerca de 121 km de altitude, até ao solo marciano. Nesta fase, o módulo abrandará desde os 21 000 km/h até à imobilização total. Nenhuma ordem proveniente da Terra poderá ser dada durante esta fase, uma vez que a comunicação tem uma latência de aproximadamente 9 minutos e meio para cada lado.
O Schiaparelli irá aterrar numa região plana próxima do equador marciano, chamado "Meridiani Planum", numa longitude de 6º W e latitude de 2º S. Este local foi escolhido por ser uma região baixa, o que faz com que a atmosfera seja suficientemente espessa para que o escudo térmico e o paraquedas possam atuar e abrandar o módulo durante a descida.
Uma vez que um dos grandes objetivos do Schiaparelli é demonstrar tecnologia para descida e aterragem, este não leva baterias ou paineis solares, e está programado para operar apenas durante alguns dias na superfície de Marte.

Já o mesmo não acontece com o TGO, que é suposto operar por 2 anos, mas transporta consigo uma abundante provisão de combustível, o que lhe permitirá trabalhar por um período mais alargado. Inclusivamente, o TGO servirá para o reencaminhamento de dados para a missão de 2018.

Espera-se que após um período de meio ano possamos ver tornadas públicas algumas imagens desta missão.

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