quarta-feira, 16 de maio de 2012

CALENDÁRIO CÓSMICO - 3

Na senda dos 2 últimos posts, continuo na descrição do calendário cósmico de Carl Sagan.
Se, eventualmente, este é o primeiro post da "saga" que lê, recordo que o objetivo é comprimir todo o tempo decorrido desde o Big Bang até hoje no espaço de um ano, para que assim se possa ter uma melhor perspetiva da evolução do Universo e da Vida. Neste caso, remeto o leitor para os 2 últimos posts antes de ler este, para que o encadeamento seja muito mais lógico.

Se, por outro lado, acompanhou o que já escrevi sobre este tema, hoje falo de aproximadamente uma quinzena do mês de dezembro.
  • Dia 1: começa a desenvolver-se na Terra uma atmosfera de oxigénio significativa
  • Dia 5: vulcanismo intenso e formação de canais em Marte
Talvez tenha sido por esta altura (há uns incríveis 1000 milhões de anos ou há uns meros 24 dias atrás, dependendo da perspetiva - pessoalmente, prefiro a última...) que se formaram duas formações do mais incrível que podemos ter em Marte e no Sistema Solar: o Olympus Mons e os Valles Marineris.



Não vou entrar em detalhes sobre qualquer destas formações, mas digo apenas que o Monte Olimpo é o maior vulcão conhecido do Sistema Solar e tem uma altitude de cerca 26 km (a proporção "o triplo do Everest" ajuda a dar uma ideia...). Quanto aos Valles Marineris (Latim para Mariner Valleys, pois foi a sonda Mariner 9 que o descobriu), que são o Grand Canyon lá do sítio, ainda que ele caiba bem lá dentro, tem cerca de 20 000 km de comprimento e atinge uma profundidade de 7 km.

Atravessamos depois uns "dias" em que nada de verdadeiramente significativo acontece no Universo (que nos ajude a perceber o nosso lugar nele, atenção!). Mas depois a sucessão de marcos históricos é incrível. Vejamos:
  • Dia 16: primeiros vermes
  • Dia 17: fim do précâmbrico. Início da era paleozoica e do período câmbrico. Desenvolvimento dos invertebrados
Interrompo aqui para recordar um facto. Não só o Homem ainda não existe, tal como faço sempre questão de lembrar, como os animais mais complexos que existem são os invertebrados, que ainda estão em fase de desenvolvimento! E estamos a uns meros 15 dias do final deste "ano cósmico". Haverá, com certeza, quem prefira pensar que estes 15 dias representam 600 e tal milhões de anos, e que isso é muito tempo. Eu, que sempre fui mais racional, penso que só falta 4% do tempo que decorreu desde t=0 (Big Bang) até agora, e nós, Homens, ainda somos um projeto à espera de nascer.

Continuando:
  • Dia 18: primeiro plâncton oceânico. Desenvolvimento das trilobites
  • Dia 19: período ordovício. Primeiros peixes, primeiros invertebrados
Impõe-se explicar o que são trilobites. Em linguagem corrente, são bichos muito feios. Em linguagem científica, são artrópodes, como as aranhas, os gafanhotos ou as centopeias. Não têm um aspeto bonito para quem não gosta de os estudar... ou de ter um a passar perto, como eu. Talvez, terem sido os primeiros animais a surgir na Terra justifique, em parte, o facto de aproximadamente 84% das espécies animais conhecidas sejam artrópodes. As trilobites possuíam um exoesqueleto com muito carbonato de cálcio, o que permitiu que deixassem uma imensa quantidade de fósseis. Foram também os primeiros animais a desenvolver olhos complexos. Os primeiros olhos à face da Terra...

Continuo no próximo post a falar dos últimos dias deste dezembro.
O dia 31 será tratado depois.

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