Mas qual a razão de ser importante cada Estrela ter o seu nome, se parecem todas iguais?
Pois bem, só parecem a quem não está por dentro da Astronomia ou, mais grave, a quem não olha para Elas com a devida atenção.
Não estar por dentro da Astronomia acaba por ser normal, é algo não criticável, porque quem se dedica a Ela é uma orgulhosa minoria.
Não olhar para um dos espectáculos mais belos que podemos ter, o Céu Nocturno, revela indiferença ou distracção. E isso sim, é mau.
Mas não fugindo ao assunto...
Por que motivo é importante todo e cada um dos maravilhosos Pontos de Luz que nos animam as noites ter nome? A meu ver, que sou um apaixonado pelo Céu, porque todo e cada um é uma entidade, com a sua personalidade definida, o seu ser revelado pelo brilho e pela cintilação própria de cada Estrela.
Não nos chamamos todos António, José ou Maria... Quer dizer, Maria talvez... :)
Os cães não são todos Bobby, Putchi ou Joli!
Os gatos não são todos Bichano, Tareco ou Tonecas!
Então onde está o motivo de englobarmos as Estrelas todas num pacote? "As Estrelas", como se fossem algo indistinto, insignificante. É que quem olha para o Céu e diz "as Estrelas", nem pensa que lá estão Planetas, Nebulosas, Aglomerados, Galáxias, entidades diferentes, todas merecedoras do seu nome, que é o que nos identifica e distingue.

Eu acredito que o que distingue as pessoas são os detalhes, os pormenores. Pois são também eles que distinguem as Estrelas e definem a sua personalidade.
Olho para Antares, no coração do Escorpião, e vejo força, pujança, talvez um pouco de retaliação intrínseca ao próprio animal que representa. E de onde vem "Antares"? Tal como disse no post anterior, de "Anti-Ares", uma guerra com o Deus da Guerra, uma necessidade de contradição.
Não é uma Estrela sempre positiva, e por isso me identifico por vezes com Ela.
Olho para Sírio, a Estrela do Cão, e vejo um brilho inconfundível. É inevitável sentir o poder do seu brilho e da sua cintilação, um dos espectáculos nocturnos mais belos. Sinto Paz, como se algo bom estivesse a nascer em mim. É uma renovação, um brotar de força. Analiso o seu nome, e o que me diz? Que "Sírio" vem do Grego "seirios", que quer dizer "brilhante" ou "o escaldador". Já os antigos Egípcios adoravam Sírio por esta indicar a altura do ano em que deveriam renovar as suas culturas.
Vega... Bem, Vega é outra Estrela especial.
Já Carl Sagan (o eterno Carl Sagan) sentia um especial carinho por Vega, e eu partilho desse sentimento. Na sua obra "Contacto", ele não escolheu Vega ao acaso. Ninguém escolhe nada ao acaso, quando essa escolha está dentro da nossa lista de paixões.
Mas o que vejo eu quando olho para Vega? Luz. Muita Luz. Uma cintilação intensa, a sensação óbvia de energia radiada e enviada especificamente para mim, como se me quisesse dizer algo. A transmissão de Conhecimento, de História, de Passado, de Futuro, de Sonho. E o que diziam os Babilónios de Vega? Que era O Mensageiro da Luz.
Escrevo estes textos para todos e para ninguém. Para o Mundo e para Mim.
Partilho a minha Paixão pela Astronomia e a minha visão tão, mas tão própria das coisas. Mas não sou o único a pensar assim, estas formas de pensar têm séculos, milénios! São comuns a quem se deixa encantar pelas maravilhas que a noite não nos mostra, mas nos pede para procurar. E basta olhar...
Espero que quem ler isto (e sei de quem o faça), mesmo que "não partilhe de forma tão intensa desta minha paixão" (é uma citação... :) ), experimente um bocadinho do que aqui falo. Sozinhos, num qualquer lugar escuro, olhem para o Céu. Não pensem nele propositadamente.
Deixem que ele vos diga o que pensar...